A profissão de parteira parece coisa do passado, mas não é. No começo de 2005 a Universidade de São Paulo (USP) reabriu o curso de obstetrícia, e em 2008 formou os primeiros alunos. Essas profissionais, popularmente chamadas de parteiras, podem tanto trabalhar de forma autônoma, realizando os partos na casa das clientes, quanto auxiliando médicos na hora do nascimento dos bebês.

De acordo com a Associação Mundial da Saúde, o ideal é que haja uma parteira a cada 175 nascimentos. Para entrar no curso da USP, basta realizar o vestibular normal. De acordo com a coordenadora, Nádia Zanon Narchi, dos matriculados na faculdade, existem pessoas que migraram de outros cursos, como Psicologia, Enfermagem e Fisioterapia. Porém, cerca de 99% são jovens, sendo a maioria mulheres, que já tiveram alguma experiência anterior como doula, que realiza o acompanhamento da mulher durante a gravidez, o parto e pós-parto.

O principal motivo para a reabertura do curso foi a falta de profissionais altamente qualificado, pois existem poucas pessoas da área de enfermagem que fazem uma especialização em obstetrícia.

O curso é estruturado em 3 principais eixos. A biologia, com disciplinas como anatomia, genética e embriologia; a área de ciências humanas, sociais e da saúde, que consiste em matérias como sexualidade, relações humanas e direito humano; e o outro é chamado de assistir, cuida e gerenciar em obstetrícia, onde existem cadeiras mais específicas do curso, como assistência da mulher no pré-natal, no parto, pós-parto e na emergência.

Segundo Nádia, a principal diferença das parteiras é o tratamento mais pessoal que é fornecido às mulheres grávidas. “A obstetriz trabalha mais com a saúde, não tanto com a tecnologia. Levamos mais em conta os direitos das mulheres, com uma assistência mais humanizada. Acompanhamos desde a gestação até o pós-parto, algumas parteiras permanecem até 7 meses em contato com a família após o nascimento da criança”, afirma.

Muitos problemas que surgem durante a gravidez podem ser evitados com o acompanhamento das parteiras, afirma a coordenadora. De acordo com ela, não apenas aspectos da saúde, mas também psicológicos. “Na medida em que ela estiver bem preparada e saudável, muitas doenças que acontecem podem ser prevenidas. Por exemplo, muitas vezes as mulheres entram em depressão por não saber lidar com as crianças”, ressalta.

Qualificação
Ela acredita que o País precisa de mais profissionais nessa área e defende a qualificação por meio da faculdade. Um dos exemplos citados é caso ocorra alguma complicação no parto, se a parteira perceber algum problema, ela irá encaminhar a mãe ao hospital. A maioria das vezes a perda da criança se dá por pessoas não habilitadas. Mas ela destaca que a obstetriz dificilmente atua de forma autônoma, logo após sair do curso. “Normalmente as pessoas vão trabalhar em casas de parto, e também em hospitais, é preciso ter experiência”, afirma a coordenadora.

Ana Cristina Duarte se formou no curso de obstetrícia na USP no final de 2008, e como possuía experiências anteriores em hospitais, já realiza partos na casa das clientes. Ela pensa que esse é o caminho natural dos profissionais dessa área. Mas acredita que é preciso ter um diferencial. “É precisa ter um acompanhamento, falta aquela pessoa que monitora do começo ao fim da gravidez”, assegura.

Graças a essa atenção, é cultivado um contato que vai além do profissional. “É uma amizade quase de comadre, as pessoas me ligam por outros razões já, como a escola em que colocar o filho, e até mesmo recomendação de babás”, relata.

Apesar de salientar que as mulheres ficam satisfeitas com o trabalho, acredita que elas não conhecem a profissão por falta de informação, o que é normal de acordo com a parteira. “Por enquanto ainda é bastante desconhecido, mas o tempo vai resolver isso, as profissões novas são assim mesmo”.

O Presidente da Comissão de Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Olímpio Barbosa de Moraes Filho, defende a profissão de parteira, porém ele acredita que não é saudável trabalhar de forma autônoma, mas sim com um conjunto de médicos em hospitais. “O ideal é que o parto não seja feito apenas pelo médico, mas sim por uma equipe, incluindo a parteira”, afirma.

Ele acha que o profissional da área pode atuar sozinho em lugares aonde não existem hospitais por perto, caso de algumas cidades no interior do Brasil, e destaca que esse tipo de prática pode causar riscos para a mãe e o bebê. “Sou contra o centro de parteiras e o trabalho independente, pois cerca de 15% dos partos complicam, e isso pode colocar a vida da mulher em risco. Em países europeus onde essa técnica é mais usada, existe uma ambulância no lado de fora da casa, caso ocorra algum problema”, explica o médico.

Diferenças entre os obstetras
As parteiras são apenas uma das três opções de profissionais obstetras no mercado, as outras são os médicos e enfermeiras. Os médicos podem fazer especialização nessa área. Ele precisa realizar a residência médica em ginecologia e obstetrícia por cerca de 3 anos, para se formar como especialista, onde fica mais focado na patologia. O enfermeiro precisa realizar uma pós-graduação, e estará habilitado a acompanhar a grávida no período pré-natal, parto e puerpério de baixo risco, mas quando existe alguma complicação o médico precisa ser acionado. O profissional obstetriz tem uma formação no curso de bacharelado mais focada na própria profissão, e em menos áreas da enfermagem, e é mais preparado para atender exclusivamente à mulher.

Fonte: portal terra

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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