Cena deplorável em plena beira mar, família composta por casal e duas crianças habitam em um caixote amarrados por sacos plásticos entre Rui Barbosa e Beira Mar, na areia do aterro próximo a nova ponte turística, em meio a vendedores de água de coco e instrutores de educação física acabo de assistir essa cena penosa, cheguei acreditar que era um deposito de lixo. Enquanto a criança mais velha se alimentava com salgados vendidos pelos ambulantes que circulam naquela área a mais nova fazia ali mesmo suas necessidades fisiológicas, sem nenhuma condição higiênica, talvez muitos não tenham observado esse descaso humano, é possível sim, perdemos nosso senso de indignação diante de tantos escândalos de corrupção e impunidade, temos até muitos motivos para isso, de qualquer forma deixo aqui minha mais absoluta indignação com esse caso citado e conto com todos nas redes sociais para divulgarem esse descaso, talvez assim algum órgão publico tenha a sensatez de retirar aquela jovem família e oferecer alguma dignidade humana.
Trata-se do retorno do recalcado. Vejam a cena: temos uma bela praia para os queridos turistas, serviços de hotel, policiamento com tecnologia de ponta, recepcionista falando gentilmente. Um cenário perfeito de um teatro. Eis que surge um grito da platéia: o real gritando e assolando as nossas cabeças. “Mas como é possivel isso!” dizemos todos. Não só é possivel, meus caros, como é necessário. Essa cena que sobra, que foge do script, na verdade, é a regra da nossa realidade e acena para outros gritos: a falta de escola com qualidade, falta de assitência à saúde, falta de condições de trabalho, de politicas públicas que estimulem a aprendizagem de oficios…não dá pra listar, mas dá pra lembrar que jamais seremos o país do futuro. Contato isso com muita dor, mas realmente não somos e nem seremos. Um pais que só veicula e elege como importante o futebol, o forró de péssima qualidade, a vida de vantagens sobre os outros, que não tem memória, que prova que estudar é perda de tempo – basta comparar o salario de um professor doutor de uma universidade federal com qualquer outro emprego federal – pois o bom é manter-se jovem para seguir carreira de BBB, um país assim parou no tempo, estancou. A cena que vejo todos os dias, em muitas esquinas de muitos bairros de muitas cidades do Brasil revelam que algo não segue a linha da vida e esbarra na mais selvagem das facetas humanas: o esquecimento do outro.
Muitíssimo pertinente o comentário da Camilla Lopes. É isso mesmo Camilla, faço minhas suas palavras.
Parabéns ao Jorge Brandão pela matéria. Isso ocorre no Brasil, maior país cristão do mundo, onde prolifera hegemonicamente a fé religiosa cristã, temos igrejas cristãs católicas, evangélicas, espíritas em cada uma das esquinas da nossa imensa e pobre periferia. Temos mais igrejas do que escolas nesse país. No entanto, nos paises onde pouco se fala em religião como a Suiça, Holanda, Suécia, Dinamarca dentre outros paises de maioria agnóstica ou de não crentes em nenhuma religião, os índices de violência urbana são baixissimos e inexiste esses casos de violência branca mostrada na matéria e a qualidade de vida das pessoas é invejavel se comparamos com a dos paises religiosos. Uma pessoa feliz não faz doação para a obra do senhor. Portanto é condição sinequanon para a longevidade das seitas que existam pessoas pobres e atormentadas pela violência. A ética, independe de uma moral religiosa. Das questões morais: http://bulevoador.haaan.com/2009/10/1282/
OS NÚMEROS NÃO MENTEM!!!
A cena aqui descrita é comum. Nossa cidade é miserável, por mais que a propaganda nos queira fazer crer o contrário. Na penúltima Revista Exame, li uma matéria sobre a distribuição da riqueza em nosso país e lá estava a “Fortaleza Bela”, como a capital mais pobre do Brasil. Isso mesmo, somos a capital mais pobre do Brasil, de acordo com a existência de classes A e B.
Outra notícia ruim: somos também o estado mais pobre. E sabe qual a definição de classe B e A? Ganhar, respectivamente,como renda familiar, acima de R$ 6900,00 ou acima de R$ 9000,00. Renda familar, atenção… Fazendo um cálculo superficial, pelos números apresentados, apenas 30.000 famílias fortalezenses atenderiam a este critério. Estão percebendo, pelos números brutos, a grau de nossa miséria? Para profundar a análise, apenas 20% destas 30 mil famílias ganham mais de R$ 15.900,00. Ou seja, apenas 6 mil famílias teriam renda superior a isto. Diante disso, sabendo que os altos salários estarão concentrados nas tetas do estado, o que nos resta de atividade econômica? O que nos resta de empregabilidade? O que nos resta de colocação no mercado de trabalho? Sabe o que nos resta?!! Quase nada! Por isso que esta família aí se encontra e tantas outras estarão por aí.
Onde estão nossas indústrias que trabalham e produzem? Nossas escolas de formação de homens de saber e cultura? Sabe onde estão? Descendo pelos ralos dos banheiros superfaturados, das estradas não construídas, destruídas pelos mil escândalos que assolam nosso país. É minha gente… Vivemos tempos difíceis e, infelizmente, sem perspectivas próximas de melhora.
Dr Henrique da Mota, Médico e cidadão de um país miserável e doente, muito doente.
Henrique da Mota ou Motinha. Sabendo de sua opinião sobre esse assunto e de nossa mais profunda honestidade, vivemos do nosso trabalho digno, manifesto minha vontade publica. Nesse momento gostaria de sentar com você para conversarmos sobre esse atual momento de tristeza de nossas profissões.
Caro amigo Jorge,
Será um grande prazer rever o amigo.
Com relação ao “atual momento de tristeza de nossas profissões”, vejo nisso um reflexo disfuncional de uma sociedade que perdeu valores que devem ser recompostos. Valores de hosnestidade, amor à verdade e à sabedoria, busca daquilo que faz bem ao outro e não apenas a si mesmo… É possível o sucesso com valores éticos. Esta é a boa luta.
Se para uma sociedade harmônica, necessitamos de um conjunto lógico de leis que possa impedir o avanço dos maus, em nossas profissões, nossa conduta deve ser assemelhada, pois os profissionais que andam à margem das evidências podem nos causar males inicialmente imperceptíveis, mas que podem desfigurar as nossas profissões de uma forma irreparável, causando a mesma inversão de valores que leva ao desprezo das coisas que realmente são importantes.
Não podemos permitir o avanço das tais “mentiras perigosas”, sejam elas sociais ou profissonais!
Vamos em frente.
Dr Henrique da Mota, MD