Por:  Jorge Brandao

Um dia após a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) ter  aprovado nesta quarta-feira, 8 de janeiro de 2012 o projeto do Ato Médico, tratando do exercício da Medicina. Com posições diferentes do projeto original aprovado pela Câmara Federal e ainda  tendo que passar pela Comissão de Seguridade Social, para mais depois ir para a Comissão de Educação e  em seguida deve voltar a Câmara Federal.  Acreditem, em  um longo caminho, assistimos a um espetáculo de desespero coletivo por meios das redes sociais no dia de hoje. Lógico que existe por parte dos defensores do Ato Médico o desejo de soberania em relação a todas as profissões da saúde. Se alguém acredita em todo esse processo que já se arrasta há 10 anos é por preocupação com a saúde da sociedade, também deve acreditar em papai Noel, bicho de sete cabeças ou mula sem cabeça. Mas nenhuma atitude incoerente ou de baixo escalão deve ser tomada. Não vai ser uma campanha em redes sociais agredindo quem quer que seja a arma suficiente para queda desse projeto contraditório e ameaçador a verdadeira integridade da saúde do povo brasileiro. Chamar a todos para uma união,  não acredito mais nisso, após quase 18 anos de formado. 

Estou  me referindo a   fisioterapia, por ser testemunha de uma grande parte dos profissionais preocupados com seus próprios “umbigos”, digo com seu próprio meio de vida, enquanto poderíamos discutir políticas de saúde, vendem-se cursos, enquanto poderíamos apresentar o verdadeiro papel do profissional fisioterapeuta para sociedade, vendem-se pacotes de preços, arrastam para beira do abismo, a seriedade e o compromisso. Técnicas e pacotes são para medíocres, esses sim devem está ainda mais preocupados com o desfecho do ato médico, não se iludam eu mesmo conheço muitos e muitos fisioterapeutas ideológicos, eles defendem a ciência, e não a profissão ou seus próprios interesses, nada vai acontecer com eles, muito pelo contrário, mesmo que a decisão de ontem no Senado, fosse conclusiva, não sofreriam, por que são fisioterapeutas e usam com orgulho inclusive em seus jalecos e cartões de visitas seus nomes, juntos ao da fisioterapia e não de técnicas que são apenas ferramentas.

Algo  aborrecedor é quando ouço, “eu amo fisioterapia”  e em seguida vão carregar sacos de gelo, enriquecendo os bolsos dos médicos, passam seus dias ligando e desligando aparelhos sem nenhum conhecimento e dizem, “vamos valorizar a fisioterapia”, jovens estudantes que saem em carreatas, por que nossos profissionais não tem coragem, mas esses mesmos jovens muitas vezes exercem ilegalmente a profissão em estágios não regulamentados. Vendedores de técnicas de todos os tipos e invenções, mas não servem nem mesmo para patrocinar campanhas de valorização a ciência de fisioterapia.

Nesse momento, eu vejo uma grande vitória dos profissionais da saúde, se a classe médica se arrasta 10 anos para regulamentar sua profissão, isso não é soberania, é dever deles lutar por suas convicções e o nosso por defender as nossas, desde que todos não esqueçam, o beneficiário deve ser a sociedade e não os seus bolsos. Quem sabe ao ler esse texto alguém me chame de ridículo, quem sabe me vejam como fisioterapeuta idealista ou apenas um cidadão, fisioterapeuta que em quase 18 anos de profissão tem o desejo de assistir menos desigualdades e um olhar para o outro e para sociedade.

Quanto dinheiro gasto desnecessário, nessas campanhas de “quebra de braços”, para ver quem é o mais forte, ridículos soberanos, me faz acreditar em mulas sem cabeças ou em bicho de sete cabeças, como podemos duvidar do necessário e importante papel do médico na sociedade? Como acreditar que eles sozinhos na sociedade moderna poderiam fazer o que quer que seja? Somos todos importantes ou todos juntos sem importância alguma, vou crer sempre em uma única possibilidade, a grandeza está no ser humano, enriquecido por valores construtivos e inerentes aos seres de bom senso. O ato médico seja da forma que foi construído ou da forma que está sendo apresentado nesse momento, pode mostrar arrogância e predominância, mas em nada vai modificar as habilidades de quaisquer que seja o profissional e muito menos dos que tem competências e podem oferecer resolutividade, pautado em bases científicas.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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