Temos passado por profunda tristeza nos últimos dias na Fisioterapia, podemos imaginar perdas imensas, primeiro Sônia Gusman, agora Ruy Gallart. Mesmo depois de um intenso dia de trabalho, atendi toda minha agenda com muito mais vigor, vontade, ética e superação, não poderia deixar de escrever algo que pudéssemos homenagear esses  grandes nomes da fisioterapia no Brasil e no mundo. Foi pensando em todos os que sacrificaram suas vaidades, seus medos, suas vidas pessoais, na busca de um espaço ao sol e mesmo a sombra para trabalhadores e cientistas que acreditam nas ciências da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional. Após essa reflexão cheguei à conclusão, não estamos perdendo nada e nem ninguém, estamos em vida, presenciando algo inevitável aos grandes, imortalizar diante de suas conquistas, para isso, não se faz necessário sermos unânimes em aceitação e nem nos afastam das questões polêmicas. Afrontar, desnudar e abrir novos caminhos.

Dra. Sonia Gusman a matriarca, Dr. Ruy Gallart o patriarca, como família e comunidade podemos está órfãos, mas como ciência, estamos solidificados e nos fazemos necessários a sociedade brasileira. Um dia ouvi do próprio fisioterapeuta Francês Marcel Bianfet, “ Se eu tivesse que escolher um país para viver , seria o Brasil, vocês tem a melhor legislação para a autonomia da Fisioterapia”, fiquei chocado naquele instante, relatei minhas experiências profissionais dentre elas conviver com Ruy Gallart e tantos outros que admiro pela coragem e autenticidade de construírem leis que nos tornassem o que somos, mesmo diante de fortes ameaças na conjectura dos dias atuais, ameaçados pelo desespero do mercado de trabalho, em que alguns desejam limitar os saberes de outros, tomando para si uma liderança, comprovadamente falida.

Somos novos no que se trata de ciência, por estarmos vivos e ativos diante das resistências, só agora sentimos a responsabilidade de termos nossos primeiros imortais, como humanos devemos assumir nossa dor e fragilidade, mas é diante do papel de cientistas que comprovamos, podemos ser imortais e entendermos a concretização desse papel e de sua necessidade humana.

Longos caminhos a percorrer, adversidades e retaliações, só não podemos perder a coragem, temos lições de vidas a nos espelharmos, então, nos resta seguir nosso caminho, respeitando nossa memória. Aos jovens que nos chegam, leiam, estudem, pesquisem e por que não dizer se apaixone, nossa missão é muito maior que um lugar no mercado de trabalho, muito maior quer ganhar dinheiro, mesmo esse sendo altamente necessário ao nosso crescimento profissional e pessoal.

Se um dia nos faltava literatura, pesquisadores, colegas capazes de romper os mais difíceis obstáculos, hoje temos em abundancia, mesmo contra nossas forças e vontades temos que admitir,  muitos dos nossos, colocam-se como subservientes do sistema ou de outros profissionais, por medo ou pior ainda, por não acreditarem em suas capacidades e talentos. Mesmo assim, vamos seguir nosso caminho, somos fortes e necessários a uma sociedade carente de saúde e de profissionais capazes de cuidar e habilidosos no trato com o ser humano. Hoje além de termos uma legislação que nos oferece segurança e protege nossos direitos, podemos admitir à imortalidade de quem as escreveu. A melhor forma de homenagear a todos os nossos grandes homens e mulheres que escreveram nossa história é sairmos de casa e trabalharmos respeitando nossa legislação, respeitando nossos colegas, nossos pacientes e convicções, é não cedermos às pressões, é definitivamente concretizar os sonhos de tantos e nos realizar na ética.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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