Esta é uma das perguntas que sempre surge quando pegamos o teste anti-HIV e descobrimos que deu positivo. Qual será o melhor caminho?
José, 45 anos, optou pelo isolamento total. Trabalhava numa empresa de vigilância. Hoje está afastado. Vive com seu cachorro, numa casa na Zona Norte do Rio de Janeiro, totalmente sozinho. “Não tenho amigos”, afirma ele. Sua companheira faleceu em 1995. Por opção, ela nunca tomou nenhum remédio contra a Aids. Os quatro filhos do casal vivem com a sogra de José. “Todos os vizinhos sabem que eu sou soropositivo por causa da morte da minha mulher. Ela freqüentava uma igreja no bairro. Eu prefiro ficar isolado na minha casa do que ter de ouvir piadinha”. A família de José o trata normalmente, mas nunca conversa sobre Aids. O hospital Pedro Ernesto é o único lugar onde ele diz manter algum relacionamento. “Às vezes vou pra lá pra conversar com as pessoas”. José sente falta de uma companheira. Mas diz que tem medo da pessoa se afastar quando souber que ele é soropositivo.
Felipe, 37 anos, escolheu um caminho diferente de José. Professor de Educação Física, ele dá aula normalmente em duas academias de ginástica e mantém um grande grupo de amigos. Até agora, não contou a ninguém que é soropositivo e não sente necessidade de contar. Apenas um amigo, que vive em Brasília e que também é soropositivo, sabe. Felipe fez o teste há dois anos. “Na verdade, antes eu já desconfiava que estava com Aids. Só em 1997, após duas pneumonias, tive coragem de fazer o exame”.
Com a família, estabeleceu o pacto do silêncio. Ou seja, mesmo sem ter comunicado o fato, ele acredita que a mãe e a irmã sabem. “Eu não falo nada para poupá-las. Elas não têm a minha força.”
O medo do preconceito
Hoje Felipe não sabe se assumir que tem o HIV para todas as pessoas é a melhor opção. “Acho que eu não agüentaria uma reação de preconceito”. Na dúvida, ele permanece com este segredo. Por outro lado, o professor de Educação Física é capaz de enumerar vários fatores positivos que conseguiu tirar da doença: “A vida passou a ter uma meta pra mim. Vivo muito melhor o presente. Tenho acordado com muita disposição de dois anos pra cá. A Aids mudou a minha forma de encarar a vida. As coisas pequenas não me aborrecem mais”.
Para Cazu Barroz, 26 anos, a Aids também trouxe muitas transformações. Ele se sentiu obrigado a assumir publicamente a doença depois de ter sido vítima de discriminação na empresa em que trabalhava. Ator e escritor, hoje Cazu é militante de uma ONG do Rio de Janeiro. Em qualquer manifestação de rua, matéria de jornal ou de TV, lá está Cazu dando seu depoimento e falando de sua vida. “As pessoas me param para dizer que não sabiam que quem tem Aids é assim, normal. Quando isto acontece, me sinto vitorioso”. Ele reconhece, no entanto, que esta opção é pessoal. “Acho que o melhor caminho é a pessoa assumir pra si que é soropositiva. Assumir publicamente, na sociedade em que vivemos, ainda é muito complicado”. Entretanto, o militante afirma que o isolamento não é a melhor forma de se proteger. “É fundamental ter um amigo com o qual se possa conversar. É muito importante dividir os problemas com as outras pessoas”.
O psicólogo Alexandre do Valle, coordenador do Banco de Horas (uma instituição que cadastra psicólogos que atendem pessoas soropositivas), concorda com as opiniões de Cazu. Ele afirma que assumir publicamente é uma opção individual. “Eu nunca diria a uma pessoa que ela tem de assumir publicamente que tem Aids. Infelizmente, a sociedade ainda não está preparada para conviver com esta notícia e isto poderia trazer alguns trans-tornos à pessoa”.
Por outro lado, romper com o isolamento, dividindo com algum amigo suas angústias e seus problemas é fundamental para a saúde. Alexandre explica que o isolamento pode causar até depressão. “Procure uma pessoa, um amigo, alguém em que possa confiar. Ou procure um grupo de apoio. Neste local você encontrará pessoas que passam pelos mesmos problemas que você”.
* José e Felipe são nomes fictícios.
Fonte: www.saberviver.org.br
Li os comentários acima e resolvi escrever também. Em 2010 descobri que estava soropositivo, entrei em grande depressão pois aos 54 anos de idade é complicado de aceitar! Lamentavelmente em 2007 fiz uma revascularização miocárdica e levei minha vida trabalhando numa área muito fechada e achando que por consequência de tandos anos de convívio na mesma área de trabalho, Tive a infeliz ideia de comentar entre os mais chegados. Hoje nenhum deles nem me atendem ao telefone, fiquei desempregado e creio que a notícia tenha se espalhado por todo o traide profissional. Os amigos pessoais e dê inteira confiança cada um de seu jeito foram me abandonando e quando eu ligo para eles e reclamo da falta de me convidarem para sair ou coisas do gênero eles teem sempre uma desculpa esfarrapada. Já se passam 2 anos, hoje me sinto completamente só! O avanço da idade não me deixa arranjar trabalho facilmente, ainda que em relação ao trabalho eu omita o HIV me pegam pelo coração na ocasião do exame admissional. Hoje vivo a base de antidepressivo pelas manhãs e remédios para dormir durante a tarde e a noite para ver se assim o dia corre mais rápido. Já fui a Psicólogos e logo antipatizado pois a profissional entrevistando um grupo de pessoas (6) mascava um chiclete e eu a chamei a atenção, pois para mim esta atitude é uma
falta de Educação toda feita em se tratando de orgão público não se pode esperar muito. Para mim a vida está muito difícil, não ter emprego para minha sobrevivência, não ter família por não te-la, não ter amigos e do meu próprio fórum intimo, não tenho vontade de sair, ir para lugar nenhum, em hora nenhuma. Mesmo sem ser médico sei que estou em quadro depressivo, mas na rede pública só consegui consulta com um psiquiatra para dezembro próximo e com muita dificuldade. Já fui sabedor que nesta unidade de atendimento os médicos faltam e te remarcam a consulta para os próximos 90 dias vindouro. minha sorte é que me alto-medico, pois se não fosse assim eu já teria feito uma besteira comigo mesmo. Lamentavelmente temos que nos esconder e omitir de todos a nossa verdadeira condição, as pessoas por mais amigas que são, poucas são aquelas que te compreendem, fico feliz com a pessoa que conseguiu um amigo ainda de distante mas o tem. Ter um amigo distante não nos supre muito mas é melhor que nada! Na minha concepção, neste momento precisamos de amigo próximo, que possamos toca-los e sentir que ele está ali. Meu desabafo é por não me aceitar e ver que amigos íntimos de mais de 40 anos de amizade e confidelidade, se afastam, triste realidade!
Oi Carlos! a sociedade realmente é muito preconceituosa e existe muita gente falsa… mas pq ficar olhando somente o lado ruim das coisas? Realmente, já trabalhei com saúde mental e sei que está precisando de ajuda profissional…Vc frequenta o GAPA?Espero que já tenha achado! De qualquer forma, continue sempre escrevendo para desabafar pois faz um bem danado! Lembre-se sempre: A FELICIDADE ESTÁ DENTRO DE CADA UM DE NÓS!
Sou soro positivo a 18 anos e ja sofri preconceitos de todas as formas,me casei com quem não era soro tive um filho depois veio o divorcio e essa pessoa usou minha doença para tentar tirar meu filho,fala sobre minha doença mesmo sabendo desde o inicio e tendo me aceitado,usou isso da forma mais cruel colocando no processo os exames meus tentando me defamar perante a sociedade no trabalho,Entra no meu fac se ele ve que tem alguém tentando uma aproximação ele usa um feick e coloca toda minha situação,não aguento mais,não sei mais o que fazer…obrigada por dar a oportunidade de desabafar um pouco das minhas agustias.