Ninho instalado no Passeio Público - Rua Floriano Peixoto, 90. Imagem: Lucas Ameida/Instagram

Ninho instalado no Passeio Público – Rua Floriano Peixoto, 90. Imagem: Lucas Ameida/Instagram

Leitores fiéis costumam ter sempre um livro nas mãos. Capaz até de ter outro na mochila só para não correr o risco de ficar sem o companheiro contador de histórias. Se a leitura costuma ser um hábito solitário, agora ele ganha um empurrãozinho para incentivar a troca voluntária desses presentes – quase como um grande amigo secreto ocupando espaços públicos.

O projeto “Ninho de Livro” chega ao Ceará e consiste basicamente em pegar, na “casinha”, o título que gostou e deixar aquele que quer passar para frente. O lar dos passarinhos de papel, com espaço para 30 volumes, chega a dez pontos da capital alencarina. Instalados em locais estratégicos, como nas avenidas mais movimentadas de Fortaleza, terminal de ônibus (Papicu) e o calçadão da Av. Beira-Mar.

As idealizadoras são Myrtes Mattos, 33, e Renata Tasca, 29, sócias da Satrapia, agência de benfeitorias para cidades do Brasil. A proposta nasceu no Rio de Janeiro e foi inaugurado na comunidade do Vidigal, com a presença da escritora Thalita Rebouças, em fevereiro deste ano. Lá também são dez casinhas espalhadas pela cidade.

Filha de cearense, Renata Tasca diz que o que motivou a criação do projeto foi a vontade de ajudar a “democratizar” o acesso à leitura. Para a carioca, é importante que as pessoas abracem o conceito de colaboração. “Queremos que o público entenda que os ninhos não são nossos, e sim de todos”.

No Instagram, usuários já repercutem a iniciativa. Natalia Serafim, 27, que transita pela Av. Santos Dumont diariamente – um dos endereços da casinha, nota a adesão das pessoas ao projeto. A socióloga relata que, ainda no primeiro dia, deixou uma coleção de clássicos da literatura e, quando voltou ao local, “os livros haviam sido trocados”. Lucas Almeida, 21, diz ter ficado “encantado pelo propósito”. Para o estudante de jornalismo, é importante que existam cada vez mais projetos de fomento à leitura.

Camila Gomes de Carvalho, 25, percebe a ideia como uma forma “criativa e funcional” de repassar aquele livro parado na estante para novos leitores. “Lembrei de um projeto parecido em Brasília”, comenta. “Lá são pequenas bibliotecas nos pontos de ônibus. As pessoas deixavam até apostilas de estudo”. Para a publicitária, a importância de livros mais acessíveis está no estímulo à prática da leitura.

Levar o projeto para áreas mais carentes de Fortaleza é uma vontade da agência de benfeitorias, porém ainda não existe patrocínio para realizar a instalação em outros lugares.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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