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“Ainda sou eu”, diz Marina Lima, em entrevista por telefone. Após 37 anos de carreira e mais de 20 discos lançados, a cantora e compositora se transformou com o mundo ao seu redor. Marina traz na bagagem a convicção de quem ainda tem muito a dizer e reivindica o direito de se reinventar. Cuidadosa com as palavras, em plenos 61 anos, não quer falar sobre o passado, mas compreende, no palco, o momento de lançar mão ao começo da própria trajetória.

vida-e-arte-5-de-novembro-de-2016-baixaMarina Lima Em Concerto é o show que a cantora faz, amanhã, no Cineteatro São Luiz Fortaleza a partir das 18 horas. A Cidade é a primeira a receber o trabalho. Em Concerto segue o curso do disco ao vivo ‘No Osso’ (2015), registro da primeira turnê solo de Marina apenas com violão. Agora ela não está sozinha, divide o palco com o instrumentista paraense Arthur Kunz, do duo eletrônico Strobo – a outra metade é Léo Chermont.

Nascida no Rio Janeiro, ela retorna a Fortaleza, onde já teve família, aliando os elementos fundamentais da música pop com a sofisticação das cordas. “Eu quis relembrar como eu comecei”, explica. “Voltei a percorrer alguns caminhos para lembrar por que eu sou assim agora. Foi uma imersão”, pontua. “Agora eu tô começando a colocar esse blend, essa moldura. Algumas coisas mais acústicas antes não cabiam para mim”.

“No Osso me preparou pra esse show de agora. Foi muito cru. E o fato de eu ter conhecido o Arthur me fez sentir desejo de mergulhar de novo nesse universo eletrônico que eu adoro, mas havia me distanciado”, afirma. “Eu adoro dançar, sabe? Adoro música que me enlouqueça pra dançar e o Strobo faz isso”.

Ela e Arthur se conheceram no fim do ano passado. Rapidamente, a relação dela com os músicos se estreitou. De um lado, eles produziram o remix de Partiu, faixa que fecha o ‘No Osso’. Do outro, Marina assinou, com eles, a produção do disco Strobo 4, lançado em setembro último. Não bastasse, dá voz e letra à Vingativa, presente no álbum do duo e no show que ela traz à Capital.

No set do Em Concerto, algumas das suas peças mais populares, com influências que vão do rock à bossa-nova. Charme do Mundo, Fullgás, Paris Dakar, Eu Não Sei Dançar e À Francesa são apenas algumas das canções que vão ecoar no Cineteatro.

https://www.youtube.com/watch?v=XF561daG4Ps

Fora do mainstream

Subir ao palco só com voz e violão, metaforicamente nua, foi decisão inteiramente dela. Marina quis respirar fora da sonoridade que a manteve no cenário mainstream. Ela lembra que foi com Lulu Santos que inaugurou o que chama de linhagem pop no Brasil. “Só que eu não sou só isso”, diz. “Para mim, não era o bastante”.

Marina se diz uma pessoa imprevisível, mas é a música que a leva a outros caminhos. Ela reconhece que as eventuais mudanças fizeram com que muitos que a acompanhavam a perdessem de vista. “Fiz o No Osso para ir ao essencial, não tem um ponto de gordura”, define. “Quem espera de mim alguma coisa programada vai sempre se sentir traído”.

Se ‘No Osso’ proporcionou um encontro “totalmente verdadeiro e íntimo” com o público, o show Em Concerto levanta também esse encontro com Arthur. “A melhor coisa da música é quando ela provoca esses encontros e você fica feliz da vida de novo”, aponta. “É um momento privilegiado na minha vida”.

Serviço

Marina Lima Em Concerto
Convidado especial: Arthur Kunz, da banda Strobo
Domingo, dia 6, às 18 horas
Cineteatro São Luiz Fortaleza (rua Major Facundo, 500 – Centro)
Valor ingresso: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia entrada)
Ingressos à venda na bilheteria do Cineteatro e no Ingresso Rápido

rubensrodrigues@opovo.com.br

Matéria publicada hoje no caderno Vida & Arte, do Jornal O POVO.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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