Por Larissa Pacheco (larissadcpacheco@gmail.com)

Vocalista d’O Teatro Mágico volta à sua essência em show com voz e violão durante pausa da trupe

Fernando Anitelli é vocalista e fundador do grupo Teatro Mágico (Foto: Caio Muniz)

Após 13 anos de estrada, a trupe do Teatro Mágico anunciou uma pausa nos espetáculos no fim do ano passado. Mais do que um tempo para pensar novos rumos para a companhia, o tempo foi necessário para recarregar as baterias.

Com sete álbuns autorais e mais de 2 milhões de cópias vendidas, Fernando Anitelli, vocalista e fundador do grupo, conta que a trupe já viveu muitas fases e experimentou muitas coisas, enveredando inclusive para o eletrônico. Dado o tempo para descanso, agora o momento é de pegar a estrada novamente e pesquisar novas formas para o que a trupe fará em seguida.

“Para voltar com o projeto do Teatro, que leva 18 pessoas para a estrada, tem que ter ago previamente preparado, então peguei três meses para cuidar de mim, compor com outros parceiros, e agora volto à minha essência com a voz e violão”.

É com essa estrutura mais simplista que Anitelli chega à Fortaleza neste domingo, 2, e visita um repertório de músicas inéditas e dos principais sucessos da banda junto ao público.

O Teatro Mágico anunciou uma pausa no final do ano passado. O que levou a esse momento se fazer necessário?

Nós tomamos essa decisão um ano antes. Estávamos cansados no sentido físico, por que o personagem do teatro pede uma entrega muito grande e há 13 anos eu venho sendo um palhaço trovador. O Teatro Mágico sempre foi uma companhia com um conceito de ser plural o tempo inteiro, se você pegar os nossos trabalhos e colocar um ao lado do outro, você vê as formações distintas, performers, músicos, o tipo de pesquisa de figurino, cenário, tudo muito diferente, fomos experimentando, e essa é a nossa razão, a ousadia de experimentar, não ficar ancorado. Eu sempre tratei esse projeto como uma peça de teatro para trazer provações contemporâneas, mas já tínhamos tocado uma porção de coisas e experimentados um bocado, porém uma coisa eu não tinha feito, eu não conseguia ficar uns meses descansando para cuidar da saúde, ficar com a família, ver as apresentações de outras pessoas, e a partir disso pensamos a pausa.

O que esse show tem de novo?

Nessas apresentações eu estou dentro do personagem do Teatro Mágico, vou levar alguns livros que me inspiram, canções que não são entoadas nos shows ao vivo, algo mais introspectivo para ter esse momento do ‘é com vcs’, uma oportunidade contar as histórias de como surgiram as músicas. Contar a experiência do TM, isso de ser livre.

A turnê começa pelo Nordeste, em Natal. Tem algum motivo especial?

Sim. Eu senti que o Nordeste, nos últimos tempos não vinha sendo visitado pelo Teatro Mágico como deveria. Então vamos começar pelo Nordeste, cidades que não temos comparecido tanto para ter esse encontro.

No seu comunicado oficial, quando lançou esse projeto, você falou que este momento é de pesquisa para o que será feito na sequência com o TM. O que espera descobrir com essa empreitada?

O que eu espero são descobertas, quero descobrir mais, conhecer mais o público do Teatro Mágico esparramado pelo país. O TM são outras atenções, por ser um projeto plural tenho que me atentar ao som, a luz, o cara que tá ali ao lado tocando. Mas nessa turnê eu espero esses novos encontros, pode conversar mais com as pessoas, ver o que foi interessante na opinião delas. Quando você vai com voz e violão você alcança lugares que não conseguira com a estrutura completa, maior e as atenções são outras.

Você é bem engajado politicamente, pelo menos é o que se percebe por suas redes sociais. Sobre esse momento que o País está vivendo, isso pode influenciar de alguma forma nas suas composições?

Isso me excita total, tudo o que eu vivo influencia na minha arte, tudo que eu aprendo, desaprendo. E arte é política, eu sinto que toda expressão humana é política. A gente vive um momento completamente conturbado no País;  radicalismo, racismo, homofobia, isso se mostra latente, então precisamos ser luz e emanar luz na caminhada das pessoas. Tem gente que vive de agressão, então o País precisa disso, dessa construção e debates junto das pessoas, fazer política é querer o bem do próximo.

Fora os shows, você tá tocando outros projetos? Vi que vai participar de um tributo ao Skank… isso também é importante para compor esse nova fase?

Todo trabalho é uma nova fase, é uma nova experiência, um novo lugar onde vou mergulhar, e aí podemos nos aprofundar ou até afogar, mas é um mergulho de qualquer forma e o prêmio está no ato de pular, na disposição de se jogar.  O fato de eu poder estar com a atenção em outras ideias, outras pessoas, proximo do público, sendo convidado para gravar esse tributo, compor com outras pessoas, isso me permite sair da bolha do Teatro Mágico, sair da minha zona de conforto, e já está influenciando, já me faz mais plural, me ajuda a saber meu lugar de fala e de escuta, é um exercício que inspira.

Voltando a pausa do Teatro Mágico, acompanhando as redes sociais da banda a gente vê alguns fãs preocupados e achando que a trupe acabou… como vocês encaram isso? Sentem pressão para voltar logo?

A gente sente o público muito ansioso, tem aquele amor passional. Nas redes sociais as pessoas são passionais, é natural que as pessoas fiquem ansiosas, mas banda tá muito bem. É  uma companhia artística, são fases e todos da trupe têm seus trabalhos pessoais, sejam como educadores, formadores, toda essa galera tá atuando, trabalhando, tocando e fazendo seus shows individuais. Cada um na sua vivência também está aprendendo coisas novas, olha como isso é rico e fundamental para o crescimento de qualquer trabalho. Mas eu sei que todos estão esperando a minha ligação para saber que é chegada a hora e voltar e sair da caverna.

SERVIÇO

Fernando Anitelli – Voz e Violão
Quando: domingo, 2, às 20h
Onde: Teatro RioMar Fortaleza (rua Lauro Nogueira, 1500 – Papicu)
Quanto (inteira): Plateia Alta – R$ 80/ Plateia Baixa B – R$ 100/ Plateia Baixa A – R$ 120
Telefone: 4003 1212

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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