Autora já trabalha em coletânea sobre cronistas brasileiros (Foto: Nely Rosa)

O passeio entre Rio de Janeiro, Cachoeiro de Itapemirim e Paris faz uma parada no Centro de Eventos de Fortaleza. Nesta quarta-feira, 19, a jornalista e escritora Ana Karla Dubiela lança “As Cidades de Rubem Braga e W. Benjamin“, o último título de sua trilogia sobre o cronista brasileiro, na XII Bienal Internacional do Livro do Ceará.

Realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313/91), a Lei Rouanet, o livro chega após 10 anos de pesquisa. O primeiro da trilogia foi “A traição das elegantes pelos pobres homens ricos – uma leitura da crítica social em Rubem Braga”, lançado em 2007. Em 2010, veio “Um coração postiço, a formação da crônica de Rubem Braga”.

O contato com o biógrafo Marco Antonio de Carvalho, conterrâneo de Braga e vencedor do prêmio jabuti de Literatura, rendeu bons frutos. A jornalista teve acesso aos originais da biografia Rubem Braga – um cigano fazendeiro do ar, além de crônicas inéditas.

“Eu me critico demais, porque no primeiro livro, por exemplo, afirmo inocentemente que a crônica é um gênero brasileiro. Nessa terceira pesquisa já estou um pouco mais madura para dizer que a crônica é um gênero internacional”, afirma. “Existem excelentes cronistas em Portugal, na Itália, na Alemanha”.

Com todo esse acervo não apenas sobre o cronista, mas do gênero literário, Ana Karla fala do assunto com autoridade. O próximo projeto, conta, é uma coletania sobre cronistas brasileiros do Séc. XXI, já aprovado pela Lei Federal e em fase de captação de recursos. “A Lei Rouanet é importantíssima”, aponta a jornalista. “Não se trata de um meio de vantagens políticas, nem de ‘jeitinho brasileiro'”.

Pela primeira vez na Bienal do Livro do Ceará, Dubiela reconhece o peso dos cearenses nesta edição. “Atribuo esse volume tanto à curadoria do cearense Lira Neto como à competência do secretario da Cultura Fabiano dos Santos Piúba, que juntou com pessoas que valorizam mais o cearense”, avalia.

“As Cidades” nasce dentro do doutorado de Dubiela na Universidade Federal Fluminense (UFF), iniciado em 2009. O projeto gráfico, em referência clara às cidades citadas pela jornalista, é de Gil Dicelli, editor-executivo do Núcleo de Imagem do O POVO. Os capítulos são divididos por ilustrações do artista plástico cearense Mario Sanders.

Rubem Braga morreu em 1990, aos 77 anos. Trabalhou com Jornalismo a partir dos 15 e formou-se em Direito, mas nunca exerceu a profissão. Ele sofria de câncer na laringe.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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