A banda alemã fez show memorável na arena do Centro de Formação Olímpica, na noite de 8 setembro do ano passado, mesclando baladas icônicas dos 50 anos de carreira com músicas ainda inéditas

Klaus Meine, vocalista da banda Scorpions, durante show da banda alemã Scorpions, no Centro de Formação Olímpica (Foto: Mateus Dantas/O POVO)

A arena do Centro de Formação Olímpica (CFO) ficou pequena para 50 anos de história. Pela primeira vez em Fortaleza, a banda alemã Scorpions apresentou o repertório da turnê 50th Anniversary World Tour, no dia 8 de setembro de 2016, contemplando os grandes álbuns, baladas icônicas e algumas das canções mais recentes. Uma noite para guardar na memória. Com arena cheia, o público vibrou ao som da música de abertura Going Out With a Bang, do álbum Return to Forever (2015). Dispensando o atraso característico de muitos medalhões, a banda do guitarrista Rudolf Schenker, único na formação desde o início, subiu ao palco às 21h59min.

Make It Real e The Zoo, ambas do disco Animal Magnetism (1980), não deixaram o público parado. Quietude, aliás, é algo que não combina com os músicos, quase todos na faixa dos 60 anos de idade – com exceção do baixista polonês Pawel Maciwoda – e uma disposição invejável. Das mais de 20 músicas do setlist, algumas foram apenas pinceladas, como o set acústico que juntou Always Somewhere, do disco Lovedrive (1979), e Send Me An Angel, do inesquecível Crazy World (1990). O momento intimista levou os músicos para mais perto do público como num aquecimento para Wind of Change (1990).

https://blogs.opovo.com.br/reporterentrelinhas/ha-1-ano-iron-maiden-fazia-show-historico-em-fortaleza/

Rudolf Schenker, guitarrista, em show no CFO (Foto: Mateus Dantas/O POVO)

Mesmo seguindo a lógica de relembrar os pontos altos da carreira, o set foi generoso com o último trabalho de estúdio. Outras três do registro foram tocadas, dentre elas We Built This House, um legítimo hard rock, por assim dizer, setentista. Deu pra sentir falta de uma lembrança mais forte do Sting in the Tail (2010). The Good Die Young teria caído bem antes da belíssima homenagem a Lemmy Kilmister, do Motörhead, falecido em dezembro do ano passado. Ver o monstruoso Mikkey Dee tocar o clássico Overkill, título que abre o segundo álbum (1979) da banda inglesa, no mesmo palco que Klaus Meine, foi desses momentos únicos que só o rock pode proporcionar.

Um dos destaques técnicos foi o telão que se comunicava com a história do grupo, incluindo imagens de capas de discos e fotos do próprio Lemmy durante a homenagem. O público também pôde se ver como parte do espetáculo quando as câmeras apontavam para os rostos emocionados. Ao final, Still Loving You e Rock You Like a Hurricane, do clássico Love At First Sting (1984) selaram a experiência. Historicamente, Fortaleza ainda tem dívidas para acertar com o rock and roll mundial, mas no que diz respeito a esse mercado, 2016 foi um bom ano. Trouxe os ventos da mudança.

https://www.instagram.com/p/BKIz2WdBrEJ/

https://www.instagram.com/p/BKHclJLDV0h/

* Texto publicado originalmente no Vida & Arte, do Jornal O POVO.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

View All Articles