Ambra Angiolini, Sonia Bergamasco, Cristina e Francesca Comencini, Paola Cortellesi. Anna Foglietta, Valeria Golino, Isabella Ragonese, Giovanna Mezzogiorno, Kasia Smutniak. Da Ambra Angiolini a Paola Cortellesi, da Sabrina Impacciatore (Foto: Ansa)

Manifesto rebate texto assinado por Catherine Deneuve

Mais de 100 mulheres do cinema italiano, inspiradas pelo movimento hollywoodiano “Time’s Up”, publicaram um manifesto e criaram um coletivo para combater casos de abuso e assédio sexual na indústria do entretenimento.

A lista inclui alguns dos principais nomes da “sétima arte” e do teatro na Itália, como as irmãs Rohrwacher e Comencini e as atrizes Giovanna Mezzogiorno, Jasmine Trinca, Ambra Angiolini, Isabella Ragonese e Vittoria Puccini.

“Esse é o tempo no qual deixamos de sentir medo”, diz o manifesto assinado por 124 mulheres e publicado no jornal romano “la Repubblica”. O coletivo se chama “Dissenso Comune” e promoverá campanhas públicas contra a violência sexual.

A iniciativa é fruto de dois meses de reuniões, iniciadas após a revelação de uma verdadeira epidemia de abusos nos corredores de Hollywood, personificada na figura do ex-poderoso produtor Harvey Weinstein, acusado, entre outras, pela italiana Asia Argento.

“Há alguns meses, a partir do caso Weinstein, em muitos países as atrizes e as operadoras do espetáculo tomaram a palavra e iniciaram a revelar uma verdade tão ordinária a ponto de ser arrepiante. Esse documento não é apenas um ato de solidariedade com todas as atrizes que tiveram coragem de falar na Itália e que por isso foram atacadas, mas um ato obrigatório de testemunho”, diz o manifesto.

No texto, as mulheres afirmam que todas elas foram alvos de assédio sexual, “de modos e formas diferentes”, e prometem apoio àquelas que escolherem contar suas experiências. “Que não se perca mais tempo questionando a veracidade das palavras das vítimas. Falar é revelar como o assédio sexual é reproduzido como uma instituição”, acrescenta o texto.

As italianas garantem não estar interessadas em fazer um discurso moralista, mas afirmam que a violência sexual não tem nada a ver com o “jogo da sedução”, em recado direto ao manifesto da estrela francesa Catherine Deneuve. “Nomear o assédio sexual como um sistema, e não como a patologia de um único indivíduo, significa ameaçar a reputação dessa cultura”, afirma o documento.

Desde o estouro do escândalo em Hollywood, que motivou a criação do movimento “Time’s Up”, formado por atrizes e outras personalidades dos Estados Unidos, muitas mulheres questionavam o silêncio das estrelas do cinema na Itália.

O manifesto das 124 atrizes, diretoras e produtoras é uma forma de rebater essa crítica e de colocar de vez o país no debate sobre a violência sexual na indústria do entretenimento.

Fonte: Ansa

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Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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