Estamos no fim do jogo agora.

Após 11 anos e 21 filmes, a Saga do Infinito chegará ao fim com “Vingadores: Ultimato“, que estreia no próximo dia 25. Franquias cheias referências, que muitas vezes passam despercebidas, exigem um pouco mais de dedicação para não perder nenhum detalhe do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM).

Pensando nisso, preparamos uma lista com 10 filmes do UCM (ou MCU, da sigle em inglês), lançados entre 2008 e 2018, para entender as conexões e a conclusão do arco que mudou o jeito de fazer filme de super-herói. Alguns longas são importantes por explicar conceitos essenciais dentro desse universo, outros pela linha de continuidade e consequências. Mas todos têm seu grau de relevância.

Capitão América: O Primeiro Vingador
De Joe Johnston, 2011

Conceitualmente falando, este talvez seja o mais importante filme do UCM. É o primeiro que recorre ao passado para fundamentar o que já veio (oi, Homem de Ferro) e mais ainda do que virá.

É neste filme que a Marvel apresenta a Hidra com a profundidade merecida, planta a semente da criação da SHIELD e finca a importância do cubo cósmico, que no cinema ganha o nome de Tesseract. Além do mais, não existiria Tony sem Howard Stark. Ah, e é um filme de guerra. (Rubens Rodrigues)

Capitã Marvel
De Anna Boden e Ryan Fleck, 2019

“Capitã Marvel” é o primeiro filme solo de uma heroína como protagonista do UCM. A maior produtora de filmes de super-heróis demorou uma década para colocar uma mulher em destaque. Independentemente do enredo, quase todo o peso do longa está nessa característica.

A história acompanha Carol Danvers, uma pilota da Força Aérea dos EUA, que se vê exposta à tecnologia Kree e, em uma explosão, acaba recebendo poderes. De memória apagada e vivendo no planeta dos Kree, a protagonista começa uma jornada de autoconhecimento tanto da sua história, como dos poderes.

Situado em 1995, “Capitã Marvel” explica onde o Tesseract esteve em um espaço de tempo entre os anos 40 de Steve Rogers e a formação dos Avengers, além de se aprofundar no projeto Pegasus e na concepção da Iniciativa Vingadores. Outro ponto importante é apresentar uma das raças que mais deu dor de cabeça aos heróis nos quadrinhos: os Skrull.

Ainda assim, o mais tocante de toda a narrativa é ver uma mulher superando as expectativas colocadas no gênero feminino, de força e personalidade. Carol se encontra em posição de comando da própria vida e não precisa do consentimento masculino para se sentir melhor. Apesar de não ser o filme mais impressionante da franquia, é o mais emocionante para o público feminino. (Alice Falcão)

Homem de Ferro
De Jon Favreau, 2008

Por contraditório que soe, a forma mais palpável de medir a importância de “Homem de Ferro” para o UCM é por meio de um exercício retórico. “E se o filme de Jon Favreau não tivesse sido um sucesso surpreendente?” “E se uma obra com aquele super-herói B da Marvel não tivesse arrecadada quase US$ 600 milhões?”.

A resposta é fácil. Não existiria UCM. Foi ali que foi provado que a popularidade de um personagem de quadrinhos podia crescer de forma exponencial numa mídia massificada como o cinema. Ali a fórmula Marvel provou sua força – já tínhamos a base de roteiro, o vilão mastigado, o charme de Tony Stark/Robert Downey Jr., o humor vacilante e incessante.

“Homem de Ferro” é um filme que não envelheceu 100% relevante. O protagonista em especial soa datado. Mas é, ainda assim, um dos blockbusters mais importantes da história. Foi lá que a Marvel testou o mercado e descobriu que já tinha consigo uma das maiores minas de ouro que o mundo do entretenimento já viu. (André Bloc)

Os Vingadores
De Joss Whedon, 2012

Se parecia impossível, a Marvel Studios foi lá e fez. A competência de Joss Whedon (Buffy – A Caça Vampiros, Firefly) junto à sagacidade de Kevin Feige, o homem que liga os pontos desse universo, fez um dos mais importantes blockbusters da década.

Ousado, divertido e cheio de coração, “Os Vingadores” juntou pela primeira vez um super grupo de heróis que não nasceu para ser equipe (diferentemente dos X-Men) estabelecendo de vez a arquitetura de um universo compartilhado que dialoga em todas as perspectivas.

Foi com “Os Vingadores” que a Marvel provou a pertinência de levar para o cinema a forma como as narrativas são verdadeiramente concebidas nos quadrinhos. Ajudou a estabelecer um novo jeito de contar histórias e desafiou o mercado a fazer o mesmo. O resultado é o filme de super-herói definitivo e um clássico do gênero. (RR)

https://open.spotify.com/episode/11pFF2HvpTxXRBjtaRiLhU

Capitão América 2: O Soldado Invernal
De Joe Russo e Anthony Russo, 2014

Primeiro filme dos irmãos Anthony e Joe Russo para o MCU, “Capitão América: O Soldado Invernal” foi responsável por mostrar aos fãs as principais características da dupla: a habilidade para dirigir sequências de ação, além da construção de filmes ágeis e que não perdem o ritmo, apesar da longa duração.

Em “Soldado Invernal”, o desenvolvimento da relação de Steve Rogers com Bucky Barnes (Sebastian Stan), dado como morto em “Capitão América: O Primeiro Vingador”, é pivô para o crescimento do próprio Capitão América.

Envolto em uma trama de corrupção, o líder dos Vingadores ganha aqui uma importância fundamental para que o público pudesse se conectar ainda mais com o personagem. (Hamlet Oliveira)

Guardiões da Galáxia
De James Gunn, 2014

Em meio a tantas tramas e a ameaça constante de Thanos, uma das narrativas mais envolventes de “Vingadores: Guerra Infinita” foi a relação de Gamora (Zoe Saldana) com seu pai, o Titã Louco. A relação dos dois trouxe uma complexidade importante para o longa e antecipa o desfecho da história que ocorrerá em “Vingadores: Ultimato”.

Com tantos heróis no catálogo como opções para novos lançamentos, a aposta da Marvel nos Guardiões da Galáxia, em 2014, compostos por uma equipe relativamente desconhecida até nos quadrinhos, foi incerta. Mesmo com o receio de uma parcela dos fãs, o resultado foi uma Space Opera divertida e que fugia ao padrão dos outros longas do estúdio, tanto pelo aspecto cômico da história quanto pelo desfecho que não envolvia uma grande batalha genérica.

Além disso, a equipe levada aos cinemas logo se tornou querida do público, pela personalidade distinta de cada membro e do carisma dos atores. (HO)

Capitão América: Guerra Civil
De Joe Russo e Anthony Russo, 2016

Há sempre um ponto de discordância entre os Vingadores. Foi assim em dado momento do primeiro filme e não demorou para, em “Vingadores: Era de Ultron”, o vilão reparar nessa tendência a divisão no grupo. Em 2016, a Marvel Studios adaptou o arco que parte exatamente desse princípio, a Guerra Civil.

Segundo filme da acertada direção dos irmãos Russo, “Capitão América: Guerra Civil” tem algumas das melhores sequências de ação de todo UCM e é o responsável pela principal reviravolta que vai mudar de vez o status quo dos heróis e atrapalhar a batalha contra Thanos em “Vingadores: Guerra Infinita”. Resumindo, é o filme que define o então futuro do UCM.

Divisor de águas, “Guerra Civil” determina o ponto de partida para o relevante “Pantera Negra” e se desdobra em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”. É o responsável por estabelecer, principalmente, a clássica rixa entre Steve Rogers e Tony Stark, que só deverá ser resolvida em “Vingadores: Ultimato”. (RR)

Pantera Negra
De Ryan Coogler, 2018

O universo de Wakanda conquistou de vez seu espaço nas bilheterias mundiais e rendeu todo o reconhecimento à Marvel no ano de 2018. “Pantera Negra” é um magnífico resgate da cultura africana aplicado aos heróis dos quadrinhos com toda a relevância e representatividade que eles merecem.

Fazendo parte do universo compartilhado com os outros filmes como “Capitão América: Guerra Civil” e “Vingadores: Guerra Infinita”, acompanhamos as aparições de alguns personagens e participação do Príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) em acontecimentos importantes na trama central. (Catherine Santos)

Thor: Ragnarok
De Taika Waititi, 2017

Talvez mais polêmico filme da última fase da Marvel, “Thor: Ragnarok” é também dos mais essenciais para quem quer correr atrás do universo de heróis até agora. Thor caolho? Hulk no espaço? Cadê o Mjölnir?

Além da enorme quantidade de reviravoltas, a terceira entrada da franquia asgardiana também é essencial ao fazer justiça com Thor após dois antecessores pouco inspirados e frequentemente listados entre as piores empreitadas da editora.

Sem a menor vergonha de parecer bobo e beirando o nonsense a toda hora, o produto da mente “inusitada” de Taika Waititi (“O Que Fazemos Nas Sombras”) afasta parte da audiência pela veia cômica muito acima da usual. Tudo besteira: ambicioso e imprevisível, “Ragnarok” é uma viagem alucinada e colorida que esmagou qualquer resquício de fórmulas seguras e revigorou o Universo Cinematográfico da Marvel.

Ah, e é o melhor filme do Hulk até agora. (Carlos Mazza)

Vingadores: Guerra Infinita
De Joe Russo e Anthony Russo, 2018

Chris Evans como Capitão América em “Guerra Infinita”

“Vingadores: Guerra Infinita” é a primeira parte do capítulo final. Da formação da Iniciativa Vingadores em “Capitã Marvel” ao fim do grupo de heróis como conhecemos em “Guerra Civil”, o longa baseado na obra de Jim Starling começa os trabalhos da conclusão de 10 anos de Saga do Infinito com grandeza.

É o filme que melhor compreende a Marvel enquanto universo cinematográfico e mais entende a origem das narrativas dos quadrinhos, respeitando a gênese do Titã Louco e tornando-o verossímil a ponto de transformar Thanos em um dos maiores vilões já vistos no cinema.

Competente do início ao fim, amarra pontas necessárias e outras esquecidas, dá devida importância aos Guardiões da Galáxia em um filme dos Vingadores – oportunidade que eles não tiveram até então – e estabelece que toda ação resulta em consequências extremas no universo.

Se “Os Vingadores” é o filme de herói definitivo, “Guerra Infinita” consegue partir da perspectiva de um vilão com justificativas um tanto quanto plausíveis para estabelecer o equilíbrio do universo. E faz isso funcionar. Complexo e sombrio, tem um argumento construído a partir de um contexto de uma década e 11 franquias.

Para dizer o mínimo, é algo que só a Marvel conseguiria fazer e o supra sumo dessa tão falada fórmula. Uma obra prima do gênero. (RR)

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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