Tem sido um ano animado para o roteirista sobralense Zé Wellington. Finalista do Prêmio Jabuti 2019 por “Cangaço Overdrive“, ele agora retorna ao universo das Steampunk Ladies. O cearense lança, na Comic Con Experience 2019 (CCXP), maior feira geek da América Latina, o novo volume da série, “Steampunk Ladies: Choque do Futuro” (Editora Draco).

A CCXP começou nesta quinta-feira, 5, e vai até o próximo domingo, 8, em São Paulo. Zé Wellington é um dos autores presentes na Artists’ Alley. “Choque do Futuro” tem artes de Sara Prado, Leonardo Pinheiro e Wilton Santos – que também desenhou o primeiro volume.

O título é uma aventura em quadrinhos retrofuturista, que apresenta novos desafios para as protagonistas Rabiosa e Sue e se passa logo após os acontecimentos de “Steampunk Ladies: Vingança a Vapor” (Editora Draco, 2015). A HQ foi vencedora dos troféus HQMix, o “Oscar dos quadrinhos”, e Angelo Agostini. O artista também foi indicado ao Troféu HQMix por “Interlúdio” (2010) e “Quem Matou João Ninguém?” (2015).

Representatividade

O universo de Steampunk Ladies nasceu logo após o roteirista realizar extensão universitária à distância pela estadunidense Ball State University. O curso Gender Through Comic Books, idealizado pela antropóloga Christina Blanch, discutiu a questão de gênero nos quadrinhos.

“Foi onde eu tive o primeiro contato com essa diferença que existe entre representar homens e mulheres e outros gêneros nas histórias em quadrinhos”, conta. “Na época, Di Amorim (desenhista do primeiro volume), trouxe essa coisa de fazer faroeste e, por eu estar vidrado na ideia da representatividade, optamos por protagonistas femininas”.

(Arte: Wilton Santos)

A ideia parecia simples, mas se mostrou complexa durante a construção da história. “Fizemos com muita boa vontade, mas acredito que poderia ter ficado melhor no ponto de vista da representatividade”, pondera. De lá até aqui, foram quatro anos de trabalho contínuo no segundo volume.

“É um volume que traz uma mudança brusca no cenário. Saímos do faroeste, no velho oeste norte-americano, para a Inglaterra vitoriana. Isso reflete nas cores, no estilo do desenho, no figurino”, explica. “Reflete também na nossa forma de ver a história, agora mais alinhada com essa vontade de representar bem as mulheres como protagonistas”.

Levar as heroínas para a época vitoriana, aliás, foi a oportunidade que o roteirista encontrou de discutir gênero com mais veemência. “Fizemos um link com as sufragistas e criamos uma história sobre um grupo de mulheres que são a única resistência em Londres. Lutam pelo direito de voto e protestam contra um governo autoritário que se formava com um vilão que tem relação com o primeiro volume”.

“É uma história política. Traz elementos do que tá acontecendo hoje com esse cerceamento das minorias. É uma grande aventura com essas camadas para quem quiser explorar. Legitimamente steampunk, cheia de gadgets e tecnologia retrofuturista”, conclui.

Serviço

“Steampunk Ladies: Choque do futuro”
Venda online no site da Editora Draco
R$ 39,90

Na CCXP 2019, você encontra Zé Wellington na Artists’ Alley, mesa F08.

https://open.spotify.com/episode/3jq8MW6LWMPZNNJZdtt5av?si=xu_IVH4GQASdoYdXreMFsQ&t=0

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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