chamusca_decisao

Ato de redimir;
Salvação;
Resgate;
Libertação;
Auxílio.

São esses acima os cinco significados da palavra redenção. E ninguém reflete todos tão bem como Marcelo Chamusca campeão cearense de futebol neste domingo. Algo completamente dramático, histórico, na mais impressionante final estadual entre os rivais Ceará e Fortaleza. Um 2×2 para todos os tempos. E não há alguém que mereça tanto essa conquista quanto ele. Não há alguém que tenha trabalhado e batalhado como ele.

Ao usar os erros das decisões de 2014 no estadual e na Série C contra o Macaé, o técnico não montou o time para jogar na defesa, ainda que tenha entrado em campo contra o Ceará jogando pelo empate. Seus jogadores entenderam a missão e foram ao ataque procurar aumentar a vantagem. Conseguiram fazer o 1×0, aproveitaram a vitória no primeiro jogo e com o 2×2 mais impressionante de todos os tempos, com gols marcados nos segundos finais de partida, especialmente o de Cassiano. Se redimiram, dramaticamente, todos.

Ao conquistar seu primeiro título relevante como técnico profissional, Chamusca salvou seu competente e sério trabalho porque apenas com títulos será lembrado. Ele sabe disso. Torcia por isso. E ficou para trás a pecha de que não sabe decidir. Encontrou a salvação.

Ao arrumar um time que estava em crise e sem qualquer padrão com o então técnico Nedo Xavier, Chamusca mostrou seu conhecimento teórico do futebol. Ele teve apenas 30 minutos de conversa com o elenco antes do jogo contra o River na Copa do Nordeste. Fez os atletas entenderem a importância da entrega, da missão, do posicionamento tático. Resgatou o elenco.

Ao bater o Ceará, incontestável campeão da Copa do Nordeste e impedir o principal rival de comemorar o quinto título seguido, Chamusca proporcionou ao torcedor do Fortaleza uma sensação que fazia tempo não sentia. Foi a libertação da massa tricolor.

A missão agora é voltar para a Série B. Não há melhor pessoa para comandar o elenco neste caminho do que Marcelo Chamusca. É o auxílio que o clube precisa para voltar a disputar um campeonato mais importante.

Em tempo: numa das cidades mais violentas do mundo, não surpreende a grotesca batalha de criminosos no gramado do Castelão. O futebol está inserido na sociedade e não pode ser analisado fora desse contexto. Estamos num país estragado, desorganizado, sem educação, perdido. Não há muito o que fazer.

About the Author

Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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