torcedores_ceara

Tenho lido e ouvido demais que a fase do Ceará é ruim. Com cinco pontos somados em 30 disputados, a equipe tem sete derrotas acumuladas, dois empates e apenas uma vitória na Série B., aproveitamento de 16,6% dos pontos. São oito gols marcados e 18 sofridos.

Nesta terça-feira, contra o Luverdense – derrota por 3×0 – o técnico interino, Anderson Silva, mudou bastante a equipe em relação ao que vinha fazendo Silas, demitido após a derrota para o Oeste. Além de escalar o time no esquema tradicional 4-4-2, deixou Gilvan, Fernandinho, Uillian Correa, Roger Gaúcho e Vinicius no banco. Entraram Sandro, Victor Luis, Ricardo Conceição, Wescley e Rodrigo Silva.

Não adiantou nada e até piorou o que já não estava bom.

Apesar do início veloz e com uma bola na trave de Wescley, o Luverdense abriu o placar aos 13 minutos, gol de falta de Paulinho. No lance, Charles realmente cometeu a infração mas, antes, sofreu o empurrão que deixou o lance irregular, mas culpar o árbitro é terceirizar a responsabilidade.

A partir do gol, o que se viu foi um festival de erros do alvinegro. Tudo de ruim que pode ocorrer com uma equipe de futebol tem acontecido com o Ceará e a partida desta terça reuniu tudo: mais alguns gols perdidos, jogador expulso (Buiu, corretamente), goleiro defendendo pênalti quando não precisava, desatenção, falhas de posicionamento, nervosismo e bagunça tática.

A culpa, entretanto, não é da fase. Quando tal expressão é usada a impressão que fica é que o acaso é o responsável ou talvez a falta de sorte. Ocorre que nada disso é mais importante do que a incompetência coletiva atual. Jogadores, diretoria e a comissão técnica anterior são todos responsáveis. É uma culpa dividida.

Mas o time é ruim? Não o suficiente para fazer essa campanha pífia, mas está muito mais enfraquecido sem Magno Alves, Assisinho, Samuel Xavier e Marinho, as perdas reais dos titulares campeões invictos e consistentes da Copa do Nordeste. A reposição com qualidade não foi feita e mais dispensas foram realizadas, como as de Marcos Aurélio e William que, curiosamente, foram jogar a Série A por Coritiba e Avaí.

Entretanto estão no elenco sete titulares campeões da competição regional: Luis Carlos, Charles, Gilvan, Fernandinho, Sandro Manoel, Uillian Correia e Ricardinho. É uma base que não é uma miragem e ainda pode dar frutos – e hoje o principal fruto é não ser rebaixado – mas vai depender muito do próximo técnico. Seja quem for, vai se deparar com uma equipe sem confiança, arrasada psicologicamente e que necessita de padrão defensivo urgente e o minimo de organização ofensiva, por mais que as peças sejam muito inferiores tecnicamente do necessário.

O técnico que chegar terá a tranquilidade como aliada porque sabe que pior do que está não pode ficar. E entender que não é a fase que está ruim também será fundamental.

About the Author

Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

View All Articles