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O Fortaleza vencia o Águia por 2×0 e no final do jogo viu a equipe de Marabá empatar. Na classificação da primeira fase a perda de dois pontos certos não deve fazer muita diferença, afinal, a equipe está distante oito pontos do quinto colocado, o Confiança. Essa distância aumentou neste fim de semana, inclusive.

Já a forma da equipe atuar no segundo tempo merece ser considerada. O time não jogou. As palavras de Corrêa após a partida foram duras, críticas e corretas. O zagueiro Lima, no primeiro gol sofrido pelo Fortaleza, também foi outro que demonstrou uma irritação enorme com a postura de marcação na entrada da área. O elenco estava com o jogo ganho, relaxou e cedeu a igualdade, por mais que os bravos jogadores do Águia não tenham desistido. Não dá para imaginar tal postura na segunda fase da Série C. É esse o aviso.

Há um consenso entre os torcedores críticos ao trabalho do técnico Marcelo Chamusca que o Fortaleza, quando joga fora de casa ou tem a vantagem em confrontos decisivos, recua demasiadamente. É uma reclamação constante e que voltou com força após a partida no Pará. O segundo confronto contra o Sport na Copa do Nordeste deste ano, alguns jogos contra o Ceará em 2014 e 2015, a também segunda partida contra o Coritiba na Copa do Brasil nesta temporada e o primeiro confronto contra o Macaé no mata-mata da Série C no ano passado estão sempre nas anotações dos tricolores.

Entendo que Chamusca não é responsável direto em todos os casos, mas evidente que tem responsabilidade por ser ele o comandante. Ocorre que os atletas também tomam atitudes por conta própria e há o mérito do adversário. Contra o Sport, por exemplo, o treinador ficou o jogo todo irritadíssimo berrando e pedindo para a equipe não ficar acuada, como ficou, até tomar o gol. Contra o Coritiba a equipe até conseguiu agredir. No confronto contra o Macaé, no Rio de Janeiro, concordo que a postura do Fortaleza foi bastante conservadora e que o 0x0 ficou longe de ser um bom resultado – nunca é para o time atuando fora de casa em primeiro confronto de mata-mata. Já na final contra o Ceará, no segundo jogo, por exemplo, uma falha individual de Deola no chute de Ricardinho desmontou a equipe completamente.

O que analiso é que Marcelo Chamusca sabe muito de futebol, tem comando do grupo. É o melhor técnico do Fortaleza em muito tempo. Trabalha e trabalha demais, estuda o adversário e a sua equipe exaustivamente. Com todas as limitações financeiras do clube nos anos recentes montou elencos adequados, conseguiu revelar alguns atletas e tem números muito expressivos de vitórias, além de bom aproveitamento ofensivo. Tudo isso, entretanto, não o torna perfeito. Há erros, substituições que eventualmente não dão certo, mas acusá-lo de retranqueiro me soa como uma barbaridade.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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