Um esquema 5-4-1, com variações para o 6-4-0; muita concentração no jogo aéreo; disciplina tática; tranquilidade ao atuar sem responsabilidade e muita alma. Esses ingredientes, somados a uma atuação desorganizada e despida de qualquer talento do São Paulo, deram ao Ceará um resultado excelente na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. A vitória por 2×1 permite ao alvinegro empatar ou até perder por 1×0 para se classificar no Castelão.

Marcelo Cabo certamente viu a derrota do São Paulo para o Goiás por 3×0, no Morumbi, sábado passado e adotou a mesma postura. Deu bastante certo e teria dado ainda mais se a equipe tivesse um bom lançador em campo para aproveitar os espaços dados pelo adversário. O técnico foi inteligente – e mesmo que tivesse perdido eu teria a mesma opinião – e apostou no elenco com jogadores que precisavam se recuperar da má fase. O time viu o adversário ter cerca de 75% de posse de bola e cruzar inacreditáveis 72 vezes para a área (um recorde mundial, talvez?), mostrando a total falta de capacidade de jogar com a bola no chão da equipe de Osório, que não soube sair em momento algum da armadilha alvinegra.

Curiosamente, jogadores do Ceará que vivem fase técnica muito ruim na Série B ou nem escalados estavam sendo,  tiveram grande atuação, casos de Charles, Wellington Carvalho e Gilvan na zaga. O goleiro Luis Carlos fez uma partida monstruosa, mas seria injusto não apontar que todos os atletas alvinegros que estiveram em campo atuaram extremamente bem diante da proposta de seu treinador.

O São Paulo finalizou 22 vezes ao gol do Ceará e só marcou uma vez, com Pato, quando o jogo já estava 2×0, no segundo tempo. O Ceará finalizou três vezes, marcou dois gols com Rafael Costa. No segundo gol do atacante, de pênalti, Fabinho sofreu falta indiscutível de Luiz Eduardo.  Por falar em Fabinho, é outro jogador que merece citação. Jogou nesta noite, marcando demais,  tudo o que não tinha feito até agora no alvinegro.

E outro detalhe relevante: time mais indisciplinado da Série B, o Ceará fez apenas nove faltas em toda a partida em que teve 25% de posse de bola. Sem nervosismo ou pressão, atuou de forma responsável, correta e eficiente, apesar dos 35 lançamentos errados, situação que seria minimizada se na partida tivesse um jogador mais talentoso para distribuir a bola.

No jogo de volta não imagino outra situação para o Ceará: mesmo esquema e mesma escalação.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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