O técnico do Ceará, desde o começo da temporada, tem mantido João Marcos e Baraka no meio-campo. Dois jogadores fortes na marcação, mas que têm bastante dificuldade na qualidade de saída de bola longa. No mundo – e até mesmo no Brasil – escalar dois atletas coma tais características ao mesmo tempo é uma opção que está se esgotando.

Para completar, Lisca também coloca Jhonnatan na equipe.  Ele é volante, mas o técnico rechaça, especialmente para se defender dos argumentos de que monta a equipe com três jogadores de marcação. Jhonnatan tem passe melhor do que João Marcos e Baraka e pode jogar mais adiantado – chegou a fazer gols importantes pelo Paysandu – mas está muito longe de ser um peça de qualidade, de refinamento no toque de bola e de capacidade de servir que o setor exige. Como segundo volante, funcionaria melhor, assim como Richardson.

O quarto homem do meio-campo tem sido Serginho que, na verdade, rende mais jogando pelos lados. No esquema de Lisca, ele tem obrigação de atuar mais centralizado, buscando aproximação de Bill e Rafael Costa. Serginho teve bons momentos contra o Fortaleza, por exemplo, mas sempre nas bolas paradas porque tem muita qualidade. Mas em dinâmica de jogo, está amarrado.

Continuo entendendo que Lisca acerta na manutenção de Bill e Rafael Costa no time. Abrir mão de um ou de outro é perder potência de artilharia, mas o desafio do técnico é encontrar uma solução para que a equipe renda mais no meio-campo. O time faz muita ligação direta, cruza demais para a área, confiando nas descidas de Cametá e Fernandinho. Os laterais do Ceará são supervalorizados porque invariavelmente falham defensivamente, como diante do Fortaleza, e quase nunca chegam até a linha de fundo.

Mais soluções? É preciso tentar, até porque, não é fácil lembrar de uma partida na temporada que o Ceará tenha jogado efetivamente bem, seguro na defesa, e bem no ataque (talvez contra o Sampaio, no PV). Emanuel precisa jogar para que se saiba até onde pode ir. Deslocar Serginho e Rafael Costa para os lados é alternativa também. Alex Amado, quando recuperado da contusão, não pode ficar no banco.  O dilema está com Lisca, que já começa a ser questionado por parte da torcida e anda algo nervoso.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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