fortaleza

Há títulos que podem ser contestados eventualmente. Erros de arbitragem que contaminam partidas, regulamentos que causam absurdos, jogos mata-mata imprevisíveis ou um campeão sem ter sido o melhor time da competição. Nenhuma dessas justificativas se encaixa neste Fortaleza campeão cearense 2016, bicampeão 2015-2016. Venceu quem foi mais competente.

A temporada 2016 começou sob o comando de Flávio Araújo. O técnico vinha de bons trabalhos anteriores, mas teve dificuldade para impor suas ideias ao elenco que também ajudou a formar ao lado do diretor de futebol Marcelo Paz, do vice-presidente Ênio Mourão e do presidente Jorge Mota, cúpula que assumiu o clube no fim de 2014.

No dia 4 de março, percebendo a instabilidade da equipe, a falta de perspectiva, o excesso de contusões musculares e o ruim desempenho independente do resultado, a diretoria optou pela demissão de Flávio. No mesmo dia Marquinhos Santos foi contratado. Aos 36 anos, o jovem técnico vinha de três finais seguidas de estaduais, duas no Paraná e uma na Bahia, tendo conquistado dois títulos.

Foi esse o ponto da virada para o Fortaleza. Com o mesmo elenco, mas muito mais entendimento do grupo, variações táticas dentro das partidas e aproveitamento dos jogadores versáteis, Marquinhos logo fez a equipe funcionar. Na sua semana de estreia, vitórias sobre o Sport pela Copa do Nordeste e diante do Ceará, no Campeonato Cearense, ambas no Castelão.

Os resultados deram confiança ao elenco que passou a ter boas atuações em sequência, especialmente contra os adversários mais difíceis. Atletas como Felipe, Lima, Everton, Jean Mota e Anselmo passaram a alternar protagonismo e, ao contrário do ano passado quando o título veio de forma dramática diante do Ceará, a equipe mostrou muito rapidamente que faria sua superioridade técnica, tática e financeira prevalecer, tanto nas semifinais contra o Guarany de Sobral, como nas finais diante do Uniclinic.

Evidente que o grande objetivo do clube, jogadores e torcedores é o acesso para a Série B, mas no coração de cada um há ainda espaço para a justa comemoração do merecido bicampeonato estadual. Foi incontestável.

Em tempo. A análise do jogo é irrelevante aqui. O Fortaleza, sabendo que era campeão, não fez muito esforço para transformar a partida numa vitória. Ainda assim, pela qualidade técnica, o 1 a 0 foi construído com um gol contra. No mais, a grande história é a do Uniclinic. Seus jogadores deixaram um legado especial para a competição, com muita luta, surpresa e resgate de um futebol feito com pouco dinheiro mas com competência.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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