Atualizei o título inicial do post que perguntava se a disputa da Primeira Liga para o Ceará era oportunidade ou traição com a Liga do Nordeste. Apesar do texto defender claramente que o Alvinegro não cometia qualquer ato impróprio, ocorreu um incômodo geral simplesmente porque as pessoas não se deram ao trabalho de ler o conteúdo e, claro, partiram para ofensa patrocinada pela ignorância e fanatismo. E isso, infelizmente, ocorre muito, quando o título, por mais correto que esteja, ganha mais proporção do que o texto. Assim, optei por retirar a palavra citada (traição, no caso) sem qualquer problema e ponderando os argumentos que ouvi. Não me incomoda em nada e nem fere a minha total liberdade jornalística que, ainda bem, sempre tive dos veículos que trabalhei e trabalho. No mais, em 15 anos de profissão, jamais ofendi pessoas ou instituições. O contrário, entretanto, acontece toda hora, com pressões nefastas dos próprios dirigentes de clubes que, despreparados para o contraditório, se acham acima do bem e do mal. Lamento que eu seja atacado por algo que eu não escrevi e, sim, pelo que as pessoas, em franco delírio persecutório, interpretaram maldosamente e sem o menor pudor, como de costume. Certamente julgam os outros pelo que são. Segue o jogo.

De cara, duas observações. A primeira: a Copa do Nordeste hoje – no futuro não dá pra saber – é um torneio muito mais relevante do que a Primeira Liga. A segunda: a Primeira Liga sempre teve um discurso de receber equipes do Brasil todo e nunca foi rival da Liga do Nordeste que, sim, tem no seu DNA a necessidade da regionalização.

Diante do exposto, me parece que o Ceará, fora da Copa do NE 2017 por incompetência própria admitida pelos gestores, inclusive, encontrou uma oportunidade interessante de colocar seu time em uma outra competição e receber alguma verba. E ela surgiu porque a Primeira Liga, um torneio ainda muito insosso e desorganizado, com as equipes atuando na maioria das vezes com reservas, tinha 15 times confirmados e precisava de um outro elemento para compor os quatro grupos de quatro equipes.

Participar ou não de qualquer competição é algo que compete ao clube. O Alvinegro viu uma chance boa de medir forças com times de fora da região. Não haverá também nenhum prejuízo para a Copa do Nordeste. Assim, não vejo cabimento no discurso da traição ou impropriedade, algo que já reverbera nas redes sociais, especialmente de torcedores de equipes de outros estados. Problema, mais para frente, pode ocorrer caso um clube do Nordeste, seja qual for, garantido na Copa do NE, deixe de participar para jogar a Primeira Liga.

A Liga do Nordeste não se manifestou. Sport, Náutico, Santa Cruz, Bahia e Vitória, por enquanto, também não.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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