O Fortaleza, como foi no primeiro jogo das semifinais no domingo passado (vitória do Ferroviário por 2 a 0), tinha mais posse de bola, mas criava pouco. O Ferroviário, extremamente recuado, não incomodava. Mas surgiu o frango. Um chute fraco e plenamente defensável de Anderson Uchôa e o goleiro Mauro, desatento, falhou decisivamente. Um time de futebol toma gols por erros coletivos, individuais ou ambos. Nesse caso, foi individual, aos 27 minutos. Acontece.

Mais leve com Rodrigo Andrade, Ronny e Everton no meio campo ofensivo, só com Zé Carlos na frente e dois volantes ao contrário dos três do confronto inicial, o Fortaleza tentava colocar a bola no chão e fazer tabelas e triangulações, mas tinha problemas evidentes de falta de entrosamento e objetividade ofensiva. Defensivamente, entretanto, o sistema funcionou, também porque o Ferroviário optou por jogar apenas no erro do adversário, sem construir nada por conta própria.

No fim do primeiro tempo, Mota sofreu um pênalti claro. O árbitro não viu, os auxiliares não ajudaram (raramente ajudam) e o Ferroviário foi prejudicado. Lance difícil ou não de ser visto, o trio de arbitragem tinha a obrigação de estar atento.

No segundo tempo, o Fortaleza poderia ter ampliado o placar por pelo menos mais três vezes usando os contra-ataques. Foi ai que Mauro teve sua redenção, com ótimas defesas. E quem não faz, toma, já diz o mais acertado ditado de todos os tempos. O Ferroviário mudou seu esquema tático para pressionar – Vladimir de Jesus foi bem nas substituições – e o jogo teve outro desenho. Assisinho perdeu ótima oportunidade. Em outra chance aguda, Marcelo Boeck defendeu muito bem falta cobrada por Valdeci. E nos segundos finais, já com um jogador a menos porque Maxuell se machucou 10 minutos antes e não havia como fazer alterações, o empate. Cruzamento da direita, Max Oliveira furou, o restante da zaga olhou, a bola passou por Mota, mas não por Mimi, que acertou a trave antes de ver a bola rolar lentamente, quase cruelmente. E depois chorou. Lágrimas genuínas e bonitas de quem sabe o que passou para chegar nesse momento.

Foram 10.346 pagantes. Pouco mais de 98 mil reais de renda. O terceiro jogo ocorre no dia 19, de novo no Castelão. O Ferroviário já garantiu pelo menos a disputa de pênaltis, caso perca no tempo normal. Empate ou vitória do Tubarão da Barra, a vaga na final está garantida.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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