Por André Almeida

Embora embalado pelos festejos do 103º aniversário, o Ceará não jogou bem na noite desta sexta-feira, 2. Mesmo assim, fez o suficiente pra vencer o Londrina por 1 a 0 e garantir que a festa de sua torcida fosse completa. Vitória muito importante, mas o resultado não pode mascarar o que ficou ainda mais claro: uma carência do alvinegro no setor de criação.

Roberto foi o salvador da noite. Em jogada individual e contando com erro bizarro do goleiro César, o atacante marcou seu 2º gol em quatro partidas pelo Alvinegro e evitou um empate que seria muito ruim. Mas o gol aconteceu em jogada individual, com méritos (e muitos) do atacante que vem sendo o principal responsável pela lucidez do ataque alvinegro na Série B.

Não fosse sua jogada, a partida provavelmente terminaria empatada e o Vovô teria deixado o gramado do Castelão sob vaias da torcida (como foi no 1º tempo, após má atuação).

Se terminou o 1º tempo com mais posse de bola (58% contra 42% do Londrina), o time de Givanildo sentiu falta de verticalização. Foram muitos passes de lado, tanto que o time não teve nenhuma chance clara de gol na etapa inicial.

A entrada de Felipe Menezes no segundo tempo amenizou o problema, prova disso é que o Vovô cresceu no jogo, aumentou a posse (terminou com 61% x 39%), finalizou bem mais e passou a efetivamente pressionar o time visitante. O próprio Menezes quase balançou as redes em pelo menos duas oportunidades. Mas não era o suficiente.

Falta um camisa 10 que crie boas chances de gol. Wallace Pernambucano não é esse jogador. Felipe Menezes, que vive de lampejos, não é confiável para uma competição longa como a Série B. Ricardinho e Pedro Ken, quando estiverem em forma, podem desempenhar a função, mas ambos rendem mais jogando como “camisa 8”, ao lado de um “camisa 10” nato.

Com sete pontos em 12 disputados, o Ceará se recupera do ruim início na Série B e tem agora um bom aproveitamento. Mas a competição é longa. E pra manter isso, é preciso reconhecer as deficiências e saná-las o mais breve possível. Falta de aviso não é.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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