A sinalização de que seria um ano difícil para o Ceará no aspecto ofensivo foi dada desde o começo da temporada, em jogos contra muitos adversários frágeis no Campeonato Cearense. A diretoria tentou reforçar os setores de meio-campo e ataque, mas na Série B a dificuldade segue constante. São 14 gols marcados em 12 partidas, ou seja, média baixa de 1,16 por encontro.

A falta de talento dos atletas de frente para trocar passes, fazer triangulações e jogar com a bola no chão, além da ausência da capacidade dos laterais passarem com qualidade refletem diretamente numa estatística que revela bastante a forma de atuar da equipe: o Ceará é o time que mais cruza bolas na área adversária após 12 rodadas. São 379 vezes (dados do footstats), média de 31,5 por encontro. Além de ser líder em número de cruzamentos totais por não saber o que fazer com a bola e não a manter no chão com qualidade, o Alvinegro foi a equipe que mais errou cruzamentos na competição: 308.

Evidente que a alternativa de levantar bolas na área é importante para qualquer equipe de futebol, incluindo o Ceará. Gols saem assim o tempo todo no mundo, mas quando essa característica passa a ser a principal arma ofensiva de uma equipe fica nítido o problema, ainda mais quando 308 cruzamentos dos 379 foram equivocados, quase 82% do total.

Contra o Inter, para citar a partida mais recente, o Alvinegro levantou 48 vezes a bola na área. Não há sentido nisso. Assim, a missão mais urgente do técnico Marcelo Chamusca passa a ser fazer o Ceará atuar com a pelota no chão. É a melhor alternativa para evitar tantos erros, reter a posse de forma consciente e qualitativa, em um cenário que não há compensação positiva suficiente, já que a equipe também mostra tem problemas de finalização.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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