Ricardinho abraça companheiros em jogo do Ceará no PV. Foto: Evilázio Bezerra/O POVO

Dinheiro. Foi esse o principal motivo do Ceará optar por não votar a favor da inclusão do árbitro de vídeo nas partidas da Série A 2018. Para o clube Alvinegro, o custo seria algo em torno de R$ 25 mil reais por partida. Levando em conta os 38 jogos da competição, um total de R$ 950 mil (não ficou claro se a implementação da tecnologia começaria apenas no segundo turno, já que a Globo desistiu de ajudar).

O Ceará votou ao lado de Corinthians, Santos, América-MG, Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR, Paraná, Vasco, Fluminense, Sport e Vitória. Os clubes que votaram a favor do árbitro de vídeo: Bahia, Botafogo, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras.

O assunto tem vários ângulos. O mais importante deles é que esse custo deveria ser da CBF, organizadora do campeonato e com lucro anual declarado enorme. Ela deveria ter, como interesse real, deixar a competição mais limpa e justa.

Outro ponto relevante: ainda que a CBF não quisesse pagar, seria muito importante os clubes assumirem tal despesa. O objetivo seria exatamente o mesmo citado: interesse real de deixar a competição mais limpa e justa. Surge um outro aspecto. Seria justo para o Ceará, que recebe R$ 28 milhões de cota pela Série A, pagar o mesmo valor de times que recebem muito mais?

O fato é que o sistema funciona e ajudaria muito para um Brasileirão mais confiável. Era essencial que os clubes fizessem de tudo para que fosse implementado, mas não há interesse, como não há vontade da quebra do vinculo da CBF, afinal, os clubes são a própria CBF.

No caso do Ceará, o discurso de ser um equipe do Nordeste, invariavelmente prejudicada quando os árbitros têm dúvidas diante de clubes do Sul e Sudeste, ficará enfraquecido, mesma situação de Paraná, Sport, Vitória e América-MG, que possuem o mesmo vitimismo quando estão na Série A. Se esses clubes forem rebaixados por causa de erros de arbitragem, vão sentir na pele o arrependimento e aí sim terão um prejuízo de milhões de reais.

No mais, grande exemplo de Bahia, Botafogo, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras. Pena que não tiveram sucesso.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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