Rogério Ceni aproveitará que terá alguns desfalques para testar um novo modelo de jogo no Fortaleza. O momento é propício, tendo em vista que o Tricolor é líder, está quase classificado, enfrentará um time pressionado e Gustavo retorna de suspensão já no próximo jogo, portanto o Leão do Pici voltará ao seu modelo habitual.

Sem Bruno Melo, João Henrique e Gustavo, Rogério Ceni terá que mexer em todos os setores para enfrentar o Guarani-J, no sábado, 10. Já que não contará com o único centroavante no elenco, ele terá que mudar o modelo de jogo. Por isso, opta por um esquema com três zagueiros, que está longe de ser sinal de retranca. Eu explico o motivo:

Não me apego a esquemas (3-5-2, 5-3-2 ou 3-4-3) mas sim às funções dos jogadores. Roger Carvalho, Leonan e Igor, os prováveis substitutos, dão uma nova dinâmica na mecânica do time. Isso é óbvio. Importante é tentar entender como essa mecânica vai funcionar.

Com o esquema de três zagueiros o primeiro pensamento que vem é: os laterais/alas terão maior liberdade para atacar. Levando em conta as características de Tinga e, sobretudo, Leonan, esse é um ponto importante para o sistema. Mas há algo além.

Se funcionar, o modelo proporcionará uma divisão equilibrada entre os atletas, com melhor ocupação espacial e que é possível a criação de muitas conexões (mais precisamente 19 conexões). Tais associações permitem uma circulação rápida da bola, com trocas de passes curtos ou médios, resultantes dos triângulos gerados.

Esquema com três zagueiros gera muitas conexões entre os tricolores.

Além disso, possibilitará que o time possa ter superioridade numérica nos diferentes momentos do jogo. Defensivamente, o recuo de Tinga e Leonan forma uma sólida e consistente linha defensiva, com Anderson Uchôa, Pablo e Igor formando segunda linha com a missão de pressionar mais o adversário. Assim, dando mais liberdade para Léo Natel e Alípio na fase defensiva.

Na fase defensiva, todos os jogadores ocupam espaços nos dois terços do campo, com uma sólida linha defensiva.

Sem falar que, na transição defensiva, quando o time for contra-atacado, haverá uma maior organização, dificultando as progressões e infiltrações adversárias

Na simulação, o Fortaleza perde a bola no lado esquerdo em tentativa de ataque. Mesmo assim, quando contra-atacado, tem uma defesa organizada, que evita maior exposição defensiva.

Ofensivamente também há maior liberdade. Com a equipe jogando em bloco, o Tricolor atacará de forma compacta, mas com amplitude pelos extremos. Isso possibilitará maior trabalho ofensivo pelos homens que jogam por dentro. Igor será o principal responsável pela armação, mas optar por Alan Mineiro é uma alternativa que dá mais qualidade criativa.

Mesmo sem jogar com uma referência ofensiva, o Tricolor terá alternativas de ataque, com ultrapassagens e infiltrações. Para isso, será preciso mobilidade na fase ofensiva.

Resta ver se o sistema funcionará na prática. Porém, a intenção de Rogério Ceni de testar variações no modelo de jogo é totalmente válida e, ao contrário do que muitos pensam, a mecânica proposta está longe de ser retranqueira. E ele faz o teste no momento certo.

A análise é feita com base no provável time que deve iniciar o jogo contra o Guarani-J. Mudanças podem ocorrer, mas a mecânica deverá ser a mesma.

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André Almeida

É jornalista, repórter do Jornal O POVO e comentarista do Futebol do Povo. Análise baseada em fatos, estatísticas, scouts, números, esquemas e comportamentos táticos. Futebol é isso.

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