Não tem nome o que o Ferroviário fez nesta quinta diante do Sport, no Recife, na já histórica noite de 15 de fevereiro de 2018. Se alguém souber definir com justiça real o ocorrido, me avise. Diante de uma equipe com orçamento de R$ 108 milhões para 2018, o Tubarão – que tem orçamento 50 vezes menor – foi orgulho, talento, humildade e coração. Ao empatar a partida da segunda fase da Copa do Brasil em que perdia por 3 a 0 até os 32 minutos do segundo tempo e depois vencer na disputa de pênaltis por 4 a 3, o elenco do Ferrão levava junto toda a história do clube desde 9 de maio de 1933, quando foi fundado por trabalhadores do Setor de Locomoção da Rede de Viação Cearense (RVC) e jogava em traves roliças, construídas com tubos retirados das caldeiras das “Marias-Fumaça”

Muito mais do que agora estar na terceira fase da competição e faturar R$ 2.5 milhões de cotas acumuladas, a atuação do Ferrão simbolizou o futebol de superação, esporte onde os grandes favoritos caem diante de rivais com mais alma. E como é bonito ver isso ocorrer.

Imagino agora Seu Valdemar Caracas, onde ele estiver. Aquele que foi, como ele próprio dizia, pai, mãe, babá e, sobretudo, educador do clube. Seu Valdemar o fez crescer com instituição e o viu passar por todas as dificuldades e alegrias possíveis. Nesta quinta, no Recife, foi então escrito um dos mais emblemáticos capítulos do clube. Com orgulho genuíno.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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