O futebol é um esporte em que, fundamentalmente, se tenta evitar os erros, ao mesmo tempo que se pune os erros do adversário. Em um Clássico-Rei, tal equação é infalível. Foi assim que mais uma vez Marcelo Chamusca levou a melhor sobre Rogério Ceni e fez o Ceará vencer o Fortaleza por 2 a 1, no Castelão, revertendo a vantagem que antes era do Tricolor na finalíssima do Campeonato Cearense.

O baiano de 51 anos, como em um jogo de xadrez, montou (mais uma vez) estratégia superior à do rival, potencializando suas forças e explorando as fraquezas do oponente.

O Ceará criou muito mais chances de marcar que o Fortaleza (foram 12 finalizações perigosas do Vovô contra 5 do Leão), fruto de um soberbo domínio territorial do Alvinegro na faixa central do campo.

Rogério Ceni errou ao escalar 3 zagueiros e 2 volantes. O time ficou totalmente sem poder de criação, com um meio de campo engessado e nada fluido. Os laterais – a jogada forte de Ceni – foram bem marcados e pouco efetivos. Léo Natel esteve apagado e Osvaldo era como um Oásis de lucidez no deserto que era a infrutífera meia-cancha leonina.

Ainda sobre Ceni, alguns pontos que não consigo entender: por que Derley é reserva? Por que Alan Mineiro, contratado para ser o “camisa 10” no ano do centenário não joga? Por que o preparo físico é terrível? Por que o time, depois de 4 meses (17 jogos), não tem um padrão tático nem alternativas de jogo?

O torcedor também busca tais respostas, por isso muitos perderam a paciência e xingaram o treinador de “burro” ainda durante o jogo.

Rogério Ceni mais uma vez mudou a formação: atuou no 3-4-3. Sem nenhum meia de armação, teve interioridade numérica no meio de campo e viu o Ceará dominar totalmente o setor.

O Tricolor, por sinal, buscou o gol muito mais por méritos dos jogadores e da individualidade do Gustavo que de uma estratégia de Rogério Ceni. Ao contrário, o time foi muito desorganizado e foi dominado pelo Ceará o jogo quase todo.

Gustavo se via como um soldado desarmado. Cercado de rivais, não era municiado para utilizar o seu ponto forte, a finalização. Nas poucas bolas que recebeu, levou perigo, inclusive colocando uma na trave e outra nas redes.

Mas antes ele já havia visto Arthur brilhar e marcar duas vezes, coroando uma atuação bastante superior do Alvinegro de Porangabuçu. O Ceará, inclusive, perdeu a oportunidade de praticamente selar o título.

Tivesse maior efetividade nas finalizações, poderia tranquilamente ter feito 3 ou 4 gols e dificultado bastante a vida dos tricolores.

Ademais, superioridade física, técnica e tática do Vovô, que reverteu a vantagem do rival e agora joga pelo empate para ser campeão.

Todavia, a peleja está totalmente em aberto, só que o Fortaleza terá que fazer o que ainda não fez no ano: vencer o Ceará. Em três jogos, foram duas derrotas e um empate.

Não me arrisco a fazer qualquer previsão do resultado final, mas de uma coisa tenho certeza: domingo teremos uma grande partida, com o Castelão fervendo em clima de finalíssima, com muita coisa em jogo e a resposta para a pergunta que paira a cabeça de todos: Quem vai levantar a taça? Façam suas apostas!

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André Almeida

É jornalista, repórter do Jornal O POVO e comentarista do Futebol do Povo. Análise baseada em fatos, estatísticas, scouts, números, esquemas e comportamentos táticos. Futebol é isso.

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