Foto: Mateus Dantas.

Demorou, mas depois de quatro meses e 20 jogos, o Fortaleza de Rogério Ceni, enfim, é um time em nítida evolução. Digo isso não pelos resultados, mas pelos desempenhos. Após um período de muitos testes, mudanças, oscilações e grande inconstância no Campeonato Cearense, o Tricolor inicia a Série B do Brasileiro com duas vitórias e, mais que seis pontos, um modelo de jogo que, apesar de longe do ideal, apresenta melhoras. Muito disso se deve por algo que já falei aqui anteriormente.

O Fortaleza de hoje não é um time unica e exclusivamente dependente de seu artilheiro Gustavo. Prova disso é que em uma noite em que o camisa 9 esteve abaixo do esperado, desperdiçando duas chances claras de gol (livre na área, daquelas que ele não costuma perder) e foi bem apagado, o Tricolor venceu o Boa Esporte por 2 a 0, e com merecimento, embora não tenha feito uma partida brilhante.

Em que pese as deficiências do adversário (que é terrível e certamente vai brigar na metade de baixo da tabela) o Fortaleza teve mais uma atuação de controle. Já tinha sido assim na estreia contra o Guarani.

Teve bem mais posse de bola (terminou o 1º tempo com 61% e o segundo com 54%), trocou mais passes (317 contra 214 do Boa), impediu finalizações do adversário (o Boa só deu 2 chutes no gol, nenhum que exigisse grande defesa de Matheus Inácio) e foi muito mais consciente em campo.

Era um time com uma proposta bem definida contra uma equipe que mais se limitava a destruir as construções ofensivas do oponente que propor o jogo.

Alguns pontos contribuíram para isso:

1) REPETIÇÃO DE FORMAÇÃO: O Fortaleza começou o jogo com a mesma escalação e estrutura tática que iniciou a última partida, com apenas uma mudança: Dodô no lugar de Alan Mineiro. Isso é fundamental para que o time possa ganhar forma e ter um modelo de jogo e padrão bem definidos.

2) MUDANÇAS NO MEIO DE CAMPO: Com Derley, Jean Patrick e Dodô o meio de campo tem sido bem mais fluido, dinâmico, intenso e menos engessado. Antes, com três volantes, o setor era muito povoado e pouco criativo. Agora, ao menos tem uma maior mobilidade, sem perder o poder de marcação.

3) EDINHO: O camisa 7 tem sido o principal jogador do Fortaleza no início da Série B, sendo peça determinante nas duas vitórias. Edinho dá maior intensidade, velocidade e mobilidade ao sistema ofensivo, gerando desafogo pelo lado direito.

4) REPERTÓRIO OFENSIVO: Não que seja um primor, mas o sistema ofensivo do Tricolor tem mostrado uma maior variação de jogadas, com mais alternativas pelo meio e pelas pontas, não sendo mais exclusivamente dependente de bolas alçadas na área para Gustavo.

O Fortaleza está longe do ideal e ainda há muito que melhorar em todos os quesitos, principalmente no aspecto físico (novamente jogadores saíram de campo com lesões musculares), assim como é preciso qualificar o elenco para disputar um campeonato tão longo como a Série B, mas o alento é que, não só pelos resultados, mas pelo desempenho, o Fortaleza é hoje um time em evolução.

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André Almeida

É jornalista, repórter do Jornal O POVO e comentarista do Futebol do Povo. Análise baseada em fatos, estatísticas, scouts, números, esquemas e comportamentos táticos. Futebol é isso.

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