A decisão de lançar a marca própria de camisas do Fortaleza ocorreu em setembro de 2016, projeto da diretoria anterior com Jorge Mota, Enio Mourão e Evangelista Torquato. O risco era grande por alguns motivos, entre eles não estar mais vinculado com uma gigante do ramo, perder qualidade do material e a necessidade de comprar direto da fábrica, assumindo todos os riscos financeiros da produção e venda.

Em dois anos, entretanto, a avaliação da atual diretoria do clube, em que pese o esforço da operação, é que se trata de um caminho sem volta em razão do sucesso da empreitada. “Tudo tem que ser muito planejado, bem pensado, até porque precisamos manter a qualidade. Assim, precisamos evoluir sempre em profissionalismo e logística, jamais dar um salto maior do que a perna sob risco de ficarmos com um prejuízo enorme”, avisa Marcelo Desidério, vice-presidente do Fortaleza falando com exclusividade ao Blog.

Com a Leão 1918, o Fortaleza tem controle absoluto das vendas, ganhou agilidade e poder de decisão nos lançamentos, além de aumentar e muito o faturamento em relação aos compromissos anteriores. Se em um contrato com a Pênalti, por exemplo, em que o clube recebia 8% de royalties em cima das vendas que a empresa informava, hoje o Fortaleza fica com cerca de 50% do valor de cada camisa. “Mas é evidente que temos que pagar impostos e outros custos em relação a esses 50%, mas ainda assim é muito mais vantajoso para gente, que praticamente não ficava com dinheiro nenhum”, explica Desidério, que completa: “Só dá pra fazer esse modelo em clubes de massa”.

Outro ponto relevante da marca própria é que a torcida comprou a ideia. A Centenarium – todas as camisas são nomeadas – venceu 15 mil unidades. Outro dois modelos, lançados em 2018, também são consideradas bons exemplos de vendas satisfatórias. A Copa – feita para o Mundial da Rússia (foto ao lado) – vendeu sete mil unidades. Já a Tradição tem cerca de 10 mil unidades comercializadas.

O presidente Marcelo Paz, no começo de setembro, em entrevista ao programa Futebol do POVO – TV O POVO, sempre de segunda a sexta, ao vivo, das 13h30min às 14 horas – confirmou que em julho deste ano, só o faturamento bruto com venda de camisas atingiu R$ 600 mil. A estimativa, para todo o ano de 2018, é de pelo menos R$ 5 milhões a R$ 6 milhões.

Não depender de aprovação e do ritmo das empresas grandes também é um benefício de ter marca própria. A camisa L’éternité (eternidade, em francês) será lançada oficialmente no próximo dia 29 de setembro e demorou cinco meses para ser concebida desde os estudos do designer Bruno Bayma – responsável por todas os desenhos de camisas do Fortaleza desde o surgimento da Leão 1918 – aprovação da diretoria, escolha do material e testes da fábrica (a Bomache, em Messejana, que também faz camisas de outros clubes brasileiros com marca própria, mantendo a qualidade do material). Já a do Outubro Rosa está pronta, ainda que o lançamento tenha sido decidido muito rapidamente.

Em relação ao marketing, tudo também é pensado do ponto de vista dos prazos, produtos e interesses próprios. Estando atrelado a uma marca grande, o time jamais teria a mesma divulgação do que clubes do eixo Rio-São Paulo, por exemplo, que sempre teriam prioridade. Tais clubes também recebem luvas generosas na assinatura do contrato, algo que não ocorria com o Fortaleza.

Ter um Centro de Distribuição unificado é a próxima meta de gestão da marca própria do Fortaleza.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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