Foto: Fabio Lima/O POVO

Não faltam razões para a saída de Lisca do Ceará. Tais motivos não eximem, evidente, os erros da diretoria. Por omissão ou por concordância, dirigentes abraçaram as decisões do ex-técnico e guardam responsabilidade significativa.

Ainda que Lisca esteja na história do clube por duas conquistas que não valeram taça, mas são até mais importantes – as não quedas para a Série C em 2015 e para a Série B em 2018 – a situação estava insustentável e o desempenho em campo é apenas uma parte do cenário.

O inacreditável e gravíssimo erro de planejamento para o jogo contra o Náutico na Copa do Nordeste (Ceará entrou com o time reserva e perdeu em casa por 2 a 0 para uma equipe notadamente inferior tecnicamente) fez vir à tona uma série de outros problemas – inéditos ou já conhecidos – dos mais variados níveis, como a demissão do auxiliar Marcelo Rospide – causando bastante estranheza no elenco – as críticas severas abertas ao Departamento Médico do clube (os médicos ficaram extremamente aborrecidos) pós contusão muscular do meio-campista Felipe – e o pouco caso na eliminação do Alvinegro na Copa do Nordeste, quando minimizou a situação citando que o clube já tinha passado por isso outras vezes.

Há também, como não poderia deixar de ser, o desempenho do time. Líder da primeira fase do Nordestão e do Campeonato Cearense, a equipe falhou nos momentos decisivos. Mostrou pouca variação tática e capacidade mental de reação. Erros de escalação foram evidentes, assim como a insistência em atletas que pouco estavam rendendo, além da falta de oportunidades para outros com mais potencial.

Lógico que num clube de futebol as responsabilidades são divididas, mas como líder da comissão técnica, Lisca as assume em maior nível e sabe disso, é natural. Assim, somando fatores táticos, técnicos, ausência de resultados em momentos cruciais, planejamento equivocado e relacionamento difícil, não havia mais como sustentar o treinador no cargo, até porque boa parte da torcida, então grande aliada do técnico, já não o apoiava mais com intensidade.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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