FOTO: Julio Caesar / O POVO

É um escárnio – e fere princípios éticos e desportivos evidentes – a permissão da Confederação Brasileira de Futebol para que uma equipe – seja ela qual for – venda seu mando de campo, muitas vezes invertendo a lógica de dois turnos em um campeonato de pontos corridos.

O desrespeito esportivo é tão absurdo que contamina a competição. Os clubes têm gigante responsabilidade porque deveriam exigir que a CBF tomasse providências sérias e definitivas para acabar com tal prática, mas não o fazem porque sabem que vão poder se beneficiar em algum momento – vendendo ou tendo o mando invertido – quando deveriam lutar por um torneio justo, equilibrado no campo.

Nesta temporada, CSA, Avaí, Botafogo, Fluminense e Vasco já comercializaram seus jogos com o argumento do topa tudo por dinheiro. O Ceará já havia recusado proposta para levar o jogo diante do Flamengo para Brasília, valor que passaria de R$ 1,5 milhão. Agora foi a vez do Fortaleza ignorar consulta para vender seu confronto contra o Palmeiras por algo em torno de R$ 800 mil, duas propostas que teriam clara vantagem financeira.

Com receitas em 2019 batendo recordes históricos, pagamentos de salários em dia, boas arrecadações fixas com programas de sócios-torcedores, média de público entre as maiores da primeira divisão (Fortaleza é a quinta maior e o Ceará a sexta) e investimentos em estrutura pensando no médio e longo prazo, Alvinegro e Tricolor mostram ao país que estão no bom caminho administrativo.

A construção de instituições fortes, que privilegiam o crescimento planejado e seus torcedores, é fundamental para que não passe na cabeça de qualquer dirigente atual de Ceará e Fortaleza participar de tal absurdo, sob pena de abrir uma crise sem precedentes diante de atitude tão pequena.

É um momento ímpar de valorização do futebol local. Que ele seja perene.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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