Douglas Coutinho já estreou pelo Fortaleza na derrota por 1 a 0 para o Atlético-GO e perdeu um gol feito. Foto: Júlio Caesar/O POVO.

Quando o Fortaleza oficializou a chegada do atacante Douglas Coutinho, que estava no Ceará, postei no Twitter que não havia nada que justificasse a contratação além da velha vontade que Fortaleza e Ceará têm de cobiçar o que é do rival. Falei isso porque pelo que o atleta mostrou no Ceará, a contratação não se justifica em aspectos técnicos, táticos, físicos ou financeiros, e penso que, pela necessidade latente de reforçar o elenco, a diretoria leonina quis dar uma “resposta rápida” à torcida para mostrar que está ativa no mercado. Em 2018, além do ruim momento técnico, o jogador já se contundiu, já teve problemas físicos e não conseguiu ter sequência. Logo, não há questões muito interessantes em sua contratação.

Isso já aconteceu em muitas outras ocasiões e dos dois lados, mas nesse caso, o fato é particularmente curioso. Douglas Coutinho teve uma passagem péssima em Porangabuçu e saiu execrado pela torcida. Reflexo de atuações terríveis. Mas quando torcedores e até o diretor de Futebol do Tricolor dizem que “o momento do Ceará é ruim e nada dá certo”, faz crer que no Pici, em outro ambiente, a coisa vai funcionar.

Pode ser que aconteça exatamente isso, mas a minha desconfiança com o atleta é por acreditar que o problema não era o ambiente.

O rendimento do atacante de 24 anos já era aquém mesmo no início do ano, quando o Alvinegro vivia bom momento, inclusive conquistando o título Estadual e fazendo melhor campanha na fase de grupos da Copa do Nordeste. Douglas Coutinho jogou pouco, e quando atuou, foi mal.

Antes disso, já não vinha bem. Usufrui até hoje de um lampejo: a boa temporada que fez em 2013 no Atlético-PR. De lá pra cá, seu futebol vem em declínio.

Prova disso é que desde 2016, o carioca defendeu Cruzeiro, Braga-POR, Atlético-PR e Ceará, totalizando 87 jogos e tendo marcado somente 13 gols nesses clubes.

Concordo com o argumento de muitos que dizem ter sido uma “oportunidade de mercado” meio a dificuldade que o clube está encontrando para buscar reforços, por ser um jogador que já vinha treinando, que chegaria para jogar e que estava geograficamente próximo, adaptado à cidade.

Isso corrobora com o meu pensamento de que, se Douglas Coutinho tivesse vestindo a camisa de um Santa Cruz, Náutico, Oeste ou Brasil de Pelotas no primeiro semestre de 2018 e tivesse feito exatamente a mesma coisa que fez no Ceará, ele não seria contratado. O fato de “estar do outro lado da avenida” pesou.

Há quem diga que ele tem características interessantes ao plano de jogo de Rogério Ceni. Velocidade para jogar pelos lados do campo é a principal delas. E Douglas Coutinho pode sim vir a jogar muito bem, comer a bola e ser importante para o Fortaleza na Série B do Brasileiro. Acontece de o jogador que não foi bem em um canto conseguir recuperar o futebol em outro ambiente.

Mas creio que ele está longe de ser uma alternativa que irá resolver os problemas ofensivos que o Tricolor tem. É preciso sim contratar, o mercado está complicado, mas é preciso qualidade e não quantidade.

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André Almeida

É jornalista, repórter do Jornal O POVO e comentarista do Futebol do Povo. Análise baseada em fatos, estatísticas, scouts, números, esquemas e comportamentos táticos. Futebol é isso.

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