Se você é daqueles que deixa tudo para a última hora, pode pegar a sua lista de metas para 2016 e acrescentar mais um tópico: aprender as novas regras da ortografia. É isso mesmo, a partir de 1º de janeiro do ano que vem entram em vigor no Brasil as alterações previstas pelo Acordo Ortográfico (AO) da língua portuguesa, criado em 1990 e ratificado pelo ex-presidente Lula em 2008.

Às 00h da próxima sexta-feira (1º/01), nem pense em enviar um WhatsApp dizendo que teve uma idéia genial ou que irá comer uma lingüiça assada no bar da esquina. O correto será escrever ideia e linguiça, sem acento agudo e sem trema.

Com mudanças em 0,8% dos vocábulos usados no Brasil e 1,3% de Portugal, o AO tem por objetivo facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre todos os países que têm o português como língua oficial e ampliar a divulgação do idioma e da literatura, isso segundo o Ministério da Educação (MEC).

Alfabeto, trema, acento diferencial, acento circunflexo, acento agudo, uso do hífen e consoantes mudas (Portugal). Esses são os pontos que foram atingidos com a reforma gráfica. Clique aqui e veja as novas regras.

Ao contrário do que afirma o MEC, a professora universitária e doutora em Linguística Elisabeth Catunda diz não ter gostado das mudanças. Segundo ela, “[as alterações] foram infelizes e não colaboram com a unificação da língua portuguesa para os países que a tem como oficial”.

Mesmo sendo contra o Acordo, a doutora avalia como positivo o processo de adaptação no Brasil, iniciado em 2009. “As escolas de ensino fundamental e médio fizeram seu papel, adotando material atualizado e contemplando o novo acordo. No ensino de terceiro grau, acredito que não houve um trabalho mais pontual”, relata.

Em meio a isso, estudantes que aprendem a língua atualmente tiveram que passar pelo processo de transição. É o caso de Israel Clenilson, estudante do 2º semestre do curso de Letras/Espanhol na Universidade Estadual do Ceará (Uece). Segundo ele, “o acordo é sim para uma boa causa, esse é um método que poderá nos ajudar a não haver tantas diferenças entre os países que falam o português”, comenta.

Para o estudante, o tema Acordo Ortográfico deveria ser mais debatido na sociedade, principalmente na mídia. “Quando falamos [sobre o tema] com a população que não frequenta mais a escola, ela sabe que algo vai mudar, já mudou. Sabe que algumas regras mudaram, que certas palavras não se escrevem mais de tal maneira, mas certamente não sabem o porquê disso”.

Situação dos demais
Em Portugal o AO já está em vigor desde maio de 2015.

Cabo Verde está no processo de implementação.

Em Moçambique, o documento já passou no Conselho de Ministros e aguarda homologação pela Assembleia da República.

Já em Angola, o Acordo Ortográfico está em fase de discussão.

Nos demais países, o documento já foi ratificado pelos respectivos parlamentos nacionais.

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Elves Rabelo

Jornalista, pós-graduado em Assessoria de Comunicação e, atualmente, atua em Comunicação Institucional. . Sugestões de pauta: elvesarabelo@gmail.com

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