O lançamento do EP nas plataformas de streaming acontece nesta quinta-feira, 11 de julho.
 
Discursos políticos, referências cinematográficas e influências que vão do indie rock ao jazz, marcam o EP de estreia do projeto Motrice, formado por André Benedecti, Lucas Benedecti e Victor Ribeiro. Quatro músicas “narram” a saga de um personagem ambientado num mundo futuro. Abre-se espaço para uma ficção, em que passado e presente também se entrelaçam, gerando ora reflexões esperançosas ora constatações abismais.
O EP, homônimo ao nome do projeto, começou a ser produzido no primeiro semestre de 2018, no estúdio Orelha, de Caio Castelo, que a assina a coprodução do trabalho junto com o Motrice. O lançamento do EP em plataformas de streaming acontece nesta quinta-feira, dia 11 de julho.
 
O conceito
 
O primeiro EP do Motrice reúne músicas para sentir e pensar. Duas delas mergulham numa poética a partir de letras envolvedo narrativas. As outras se debruçam sobre discursos que trazem uma reflexão política.
“Tínhamos algumas ideias guardadas de músicas, mas faltava achar uma conexão entre elas, algo que o André (Benedecti) fez muito rápido. Já estava bem no clima do que queria, do que tinha que ser mesmo. Tinha acabado de ler o 1984 (de George Orwell) e tinha também todo o clima político, com as eleições ocorrendo no Brasil, manifestações… Tudo isso tem a ver com o conceito do EP”, comenta Lucas Benedecti.
“Passeando um pouco pela ficção, de utopias e distopias, fomos mesclando o material que já tínhamos, como a música Hope, já com a fala enfática do escritor José Saramago sobre a democracia. A partir dali vimos o rumo que iríamos tomar”, destaca André Benedecti.
Os discursos de Samarago, do personagem de Charles Chaplin, no filme “O Grande Ditador” (1940) e um recorte da entrevista que Roger Waters concedeu a Caetano Veloso para o Mídia Ninja, deram a tônica ao conceito do EP. “Tudo foi se encaixando. A partir desses trechos de falas que temos, construímos uma narrativa. Acho que abordamos uma macro política, que está para além do partidário, da política que se comenta no jornal. Falamos de uma vida que é afetada diariamente por todas as decisões tomadas em grandes esferas. Nessa ficção, tudo surge como um chamado urgente para refletirmos nossas vidas, o modelo de sociedade em que queremos viver”, ressalta Victor Ribeiro.
EP faixa a faixa
Quem te usou? (Música um) – É o início da saga do personagem protagonista, que vive em uma sociedade controlada por uma pequena elite. A música descreve o cotidiano monótono desse personagem, que se sente de certa forma refém de um sistema contraditório e opressor.  Seu refrão é uma pergunta, uma indagação: “Quem te usou?”. A frase serve de metáfora para vários questionamentos sobre a sociedade em que vive. Serve tanto para questionar os usos e abusos do Estado, das relações de trabalho e das relações interpessoais. Com esse desconforto e estranheza começa o EP. É doloroso questionar demais?
Hope (Música dois) – Aqui temos uma música-discurso, que se encaixa como uma pequena esperança na cabeça do personagem principal. Quem faz essa narrativa é o escritor José Saramago, ao falar de uma falsa democracia. O poder está concentrado nas grandes organizações. O discurso abre uma luz no caminho de nosso personagem, que começa a refletir sobre essa sociedade.
Um Ponto no Espaço (Música três) – Outra música-discurso, comandada por uma fala de Chaplin, no filme “O Grande Ditador”. O cenário é de uma guerra iminente, nesse mundo futuro. Aqui nosso personagem se convence de que vive em uma sociedade escravizada e aparece, na fala, um repudio à figura dos ditadores. “Não se entreguem a esses homens cruéis. Homens que desprezam e escravizam vocês, que querem reger suas vidas e dizer o que pensar, o que falar e o que sentir, que treinam vocês e tratam com desprezo para depois serem sacrificados na guerra. Não se entreguem a esses homens artificiais.” – pontua.
Redemoinho (Música quatro) – Em busca de liberdade, num cenário pós-apocalíptico, devastado pela guerra, o personagem se defronta com o que não esperava: a cegueira dos outros. Parece que nada do que faça irá mudar tal cenário. Tem algo de doentio no ar. Roger Waters também faz o alerta.
 
Mais sobre Motrice 
Motrice é um projeto formado por André Benedecti (bateria, metalofone, teclados e voz), Lucas Benedecti (guitarras, efeitos, letras e voz) e Victor Ribeiro (baixo, guitarras, teclados, voz).
O grupo tem como propósito a experimentação, buscando a interseção com outras linguagens artísticas, como a literatura e o cinema.
Desde 2014, os músicos se encontram para colocar em prática os acordes, os ritmos e as melodias que existem em cada um.
Lançamento do EP Motrice
Dia 11 de julho de 2019
Nas plataformas de Streaming (Spotify, Deezer, Youtube Music, etc.)
Motrice nas redes sociais