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A agência de Publicidade BETC Brasil desenvolveu um aplicativo que é capaz de identificar e determinar um percentual de interrupções masculinas durante as falas de mulheres em um espaço de tempo. O Woman Interrupted chega aos smartphones na semana do Dia Internacional da Mulher para trazer à tona uma violência que pouco é debatida, mas acontece de forma contínua a nível mundial: o silenciamento da fala feminina. Isso se traduz em uma prática chamada de manterrupting.

O app pode ser utilizado em qualquer ambiente, embora tenha sido desenvolvido para ambientes de trabalho. A aplicação funciona da seguinte maneira: é feito o registro da voz do usuário e enquanto ele estiver ativado a tecnologia vai analisar as conversas e detectar o número de interrupções. Para a mulher, são registradas quantas vezes ela foi interrompida, e para o homem é mostrado quantas vezes ele interrompeu a mulher. As conversas não são armazenadas, apenas os números de interrupções, duração e data.

Gal Barradas, presidente da agência, diz que o app vem somar na luta contra essa opressão propondo soluções práticas para provocar reflexões sobre a maneira como as mulheres ainda são tratadas no Brasil e no mundo. A ideia se intensificou após análise da última campanha eleitoral americana onde o então candidato Donald Trump interrompia por diversas vezes a fala da oponente Hilary Clinton; o que pode funcionar como uma analogia às situações cotidianas na relação mulher-homem no que concerne à fala.

A BETC Brasil frisa que a intenção do Woman Interruped não é apenas criticar os homens, mas sim de convidá-los a refletir sobre alguns comportamentos que podem ser considerados abusivos. O aplicativo está disponível nas plataformas Android e iOS.

O Manterrupting

A prática de interromper mulheres ficou conhecida como manterrupting após um artigo intitulado de “Speaking while female” (Falando enquanto mulher), ser publicado em 2015 no The New York Times por Sheryl Sandberg, Chefe de Operações do Facebook e Adam Grant, professor da Escola de Negócios da Universidade da Pensilvânia. Nessa publicação, eles citaram um estudo feito por psicólogos da Universidade de Yale em que é mostrado que senadoras americanas se pronunciam consideravelmente menos vezes que seus colegas masculinos de posições inferiores.

Confira vídeo de divulgação do aplicativo: