Mamães e papais, leiam essa matéria que saiu no jornal O Povo de hoje sobre a importância das artes plásticas na vida das nossas crianças.

Para entender melhor:
No último mês o Vida & Arte publicou uma série de matérias sobre a iniciação artística infantil às segunda-feiras. Que benefícios elas trazem ao desenvolvimento da criança, que especificidades existem em cada linguagem e qual a melhor hora de começar. A série falou sobre música, dança e teatro, e terminou hoje falando de artes plásticas. Matéria escrita pela minha amiga, jornalista Mariana Toniatti.

na íntegra:

Tem que pintar, desenhar e modelar o futuro

(foto: Sara Maia)

Toda criança gosta de desenhar, rabiscar, brincar de massinha, misturar tintas e fazer boneco de argila. Na chamada primeira infância, até ali pelos sete anos, somos todos meio artistas, exercitamos a criatividade com mais liberdade e naturalidade. Mas isso tem ficado pra trás cada vez mais cedo. Paramos na casinha com a árvore e viramos analfabetos nas habilidades artísticas. “Um dos grandes processos inibidores do desenho é a alfabetização precoce. Ela poda a liberdade de expressão da criança, emoldura o nosso traçado, engessa mesmo as nossas mãos”, diz Munir Dertkigil, professor de Ensino Fundamental na Escola Waldorf e formado em Artes pela Emerson College (Inglaterra).

Enquanto não conquistamos as letras, as atividades do colégio priorizam a educação artística, as habilidades manuais e lúdicas. Quando dominamos o mundo das letras, as mãos param de desenhar para escrever e a escola prioriza o conhecimento cognitivo. Para Munir, o prejuízo é grande. “A arte é um veículo de intermediação entre pensar e fazer. Se queremos futuros adultos mais equilibrados, deveríamos ajudá-los a desenvolver a capacidade de vincular sentimento com pensar e fazer. A arte é esse grande veículo do meio, do coração”.

O rompimento com o desenho também é parte do processo natural de desenvolvimento da criança. “Ela fica mais exigente com a própria produção. Sabe se o desenho parece um carrinho ou não”, explica Munir. Nasce a auto-crítica e morre o artista. Quando chega essa fase, é importante que os pais continuem incentivando o filho a brincar com linguagens das artes plásticas.

Alternativas
Para compensar a ruptura que pode haver no colégio, em casa, as oportunidades devem continuar, mas, como lembra o professor Munir, funciona um pouco como o hábito da leitura. Se os pais leem com frequência, as chances de terem filhos leitores aumenta. Se a dinâmica da família não inclui um momento de desenhar, inventar um quadro com recortes, glitter e canetinha, é muito válido procurar uma escolinha de educação artística. “Não é para torná-la artista, assim como por em uma atividade esportiva não é para que a criança seja atleta. É para desenvolver a criatividade que vai ajudar na saúde educativa dela”, diz Munir. Tanto assim que as crianças com menos aptidão são as que mais deve incentivar.

Na Escola Viva Música Viva, as crianças do Curso de Artes Plásticas geralmente já têm gosto e jeito para o desenho. “Elas vêm com um desejo muito grande de conhecer técnicas, pintar. Trabalhamos também com a parte de apreciação, observação das obras”, conta a diretora da escola, Lilian Rios. Separados por faixa etária, as crianças conhecem artistas famosos, interpretam obras e experimentam técnicas – da pintura, ao recorte, gesso e modelagem. Tem até espaço para a exposição dos trabalhos na escola. Uma outra turma reúne crianças menores. Na Oficina das Artes, Raissa Soares, nove anos, está entre as mais velhas.

Elas têm uma tarde inteira de educação artística, com teatro, artes plásticas, musicalização e psicomotricidade (uma brincadeira mais direcionada para a consciência corporal e coordenação motora). “É interessante como elas vão desenvolvendo habilidades artísticas, reconhecem a linha do horizonte, misturam as cores da aquarela e veem formar outras, experimentam texturas”, diz Lilian. Gabriela Correia, seis anos, termina o seu desenho do pôr-do-sol, todo em tons de laranja, um coqueiro verde no meio, usando um chumaço de algodão embebido em tinta azul para fazer as nuvens. “Elas ficam aqui, que é o céu”, aponta. Depois, pega o pincel para “melhorar a chuva” que já tinha esboçado. No pôr-do-sol dela tem sol e chuva, “casamento de viúva”. Por que não!?

SERVIÇO (Fortaleza)

VIVA MÚSICA VIVA
Onde: Avenida Desembargador Moreira, 629, Meireles.
Quando: Oficina das Artes, toda sexta-feira, de 14 às 18 horas. Aula de artes plásticas, teatro, musicalização e psicomotricidade.
Quanto: R$ 160 (+ matrícula anual no mesmo valor)
Informações: 3131.6560

ATELIÊ ROBSON ALBANO
Onde: Travessa Santana do Cariri, 10B, Montese.
Quando: Todo sábado, de 9h às 11h e de 15h às 17h.
Quanto: R$ 60 por mês
Informações: 3055.8183

ATELIÊ J. SILVA
Onde: Rua Coronel Ferraz, 174, Centro.
Quando: Uma vez por semana, três horas, a combinar.
Quanto: R$ 120
Informações: 3221.2176

Dicas
Atenção nas dicas para detectar habilidade da criança para as artes 

1 Proporcione oportunidades e materiais para brincadeiras de desenhar, pintar, recortar, colar e inventar. Giz de cera, tinta, aquarela, canetinha, glitter, papel crepom, pedaços de tecido, tudo isso é brinquedo na mão de criança.

2 Atividades e situações do cotidiano podem ser a deixa para brincar de “artista”. A hora de embrulhar um presente, de enfeitar a casa pro Natal, de dar um cartão de aniversário, uma viagem de avião, um almoço no restaurante.

3 Não é tão fácil encontrar escolinhas de arte que complementam as atividades do colégio. Quando encontrar uma, converse com a dirMuitos pintores dão aulas em seu ateliê. É uma alternativa para quem quer brincar mesmo de ser pintor.eção e procure conhecer a pedagogia adotada nas aulas.

4 Muitos pintores dão aulas em seu ateliê. É uma alternativa para quem quer brincar mesmo de ser pintor. Mas é preciso estar atento para saber se o artista tem pedagogia para o trato com crianças.

Por Mariana Toniatti
Jornal O Povo

About the Author

Carol Bedê

Jornalista. Mãe da Laís e do Vinícius. Já quis ser muita coisa...depois de terminar a faculdade de letras, uma especialização e a faculdade de comunicação social (jornalismo), de uma coisa tive certeza: o que eu quero mesmo é escrever. Já escrevi sobre muitos assuntos. Tentei até fazer poesia, mas nunca achava que conseguia. Depois de ser mãe resolvi escrever sobre ser mãe, sobre bebês, sobre crianças e sobre esse mundo. E só agora acho que consigo fazer poesia.

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