Vocês vão ler agora o relato do parto domiciliar da Cibele Couto, mãe da Camila e da Mel, que já apareceu por aqui contando sua experiência com o  Quarto sem Berço.

Cibele já tem uma menina, a Camila (2 anos), o parto da Camila foi normal hospitalar, com intervenções nela e na filha como episiotomia, anestesia, posição litotômica para parir, manobra de kristeller, nitrato de prata, horas no berçário longe da mãe e sem amamentação na primeira hora de vida. Fatos ocorridos que não agradaram e não agradam a Cibele.

parto em casa

 

Grávida da Mel, Cibele se preparou, leu, estudou, conversou com muita gente para ter um parto normal em casa. Não queria ter que passar por intervenções novamente e também para não ficar longe da Camila, já que nunca ficou uma noite sem ela, não conseguia imaginar passar 2 ou 3 dias fora de casa e ainda voltar com um bebê no colo.

A ideia do parto em casa surgiu quando Cibele conheceu um casal que teve um parto domiciliar e com eles entrou nesse mundo. Foi apresentada a um grupo de apoio de Salvador (BA), procurou uma obstetra muito envolvida na humanização do parto e a partir daí começou a se preparar. Fez aulas de yoga para gestante, leu bastante, trocou informações com pessoas que conheceu em grupos presenciais e virtuais de apoio. No final, a ansiedade natural chegou e nesse momento Cibele contou com o apoio de uma doula. Cibele e Anderson (marido/pai) não contaram os planos para ninguém, apenas para a mãe dela. “Não é fácil para as pessoas entenderem que o parto é um evento fisiológico e não hospitalar como a sociedade transformou. O mais importante foi o apoio do meu marido, sem ele nada teria acontecido”, ressalta Cibele.

Os preparativos
Cibele contou com uma equipe a acompanhando, uma doula, uma obstetra, uma enfermeira obstetra e uma fotógrafa especializada na área. Essa equipe passou uma lista de coisas que precisava ter em casa como lona plástica para cobrir o colchão, lençóis velhos, comidas leves para a parturiente, entre outras coisinhas, nada de muito complicado, segundo ela.
Tinham um plano B que era ir para a mesma maternidade onde a Camila nasceu. O trabalho de parto foi muito rápido, cerca de duas horas apenas. Começou por voltas das 23 horas e a Mel nasceu às 00:56. A Camila estava dormindo e não ouviu nada.

Pós parto
Uma pediatra neonatal foi no dia seguinte fazer uma consulta e solicitar os exames. “Perfeito! A Mel passou as primeiras 48 horas praticamente só no meu colo, resultado disso é que passamos a nos conhecer e nos entender muito rapidamente e a amamentação fluiu com naturalidade”, conta Cibele.

parto domiciliar

#coisalindadodia

O relato
As amigas e familiares da Cibele pediram muito um relato escrito por ela contando cada detalhe e ela fez. Leiam aqui na íntegra!

“Começarei pela conclusão: vale muito a pena!!
Bem, no dia 20 de janeiro entrei na 41a semana e meu dia começou com uma ultrassom feita pelo Dr. Sergio Mattos. Saí da ultra super tranquila, porque ele disse que minha filha e eu estávamos bem e poderíamos esperar mais uma semana sossegadas. Pela tarde tive consulta com a Dra. Marilena, tudo normal também. Durante o dia levei minha mãe para uma emergência ortopédica e para uma fisioterapia, porque um pé que ela havia fraturado há 2 meses começou a inchar bastante. O lado bom é que isso me tirou a atenção sobre o parto. A noite tudo continuou dentro da rotina, por volta das 22:40 minha mãe foi dormir e eu fique na sala correndo os canais para achar um filme. Até ali não estava sentindo nada além do normal, como as contratações de treinamento. Achei um filme que iria começar em 15 minutos. Entre a espera e o começo do filme as contrações, que até então não vinham com dor, passaram a vir com uma dor leve no pé da barriga. Mandei a primeira mensagem para Tarsila, minha doula, às 23:12. Trocamos algumas mensagens e as contratações foram ficando mais doloridas. Chamei Anderson, que tinha acabado de fazer Camila (nossa filha de dois anos e meio) dormir. 23:30 senti um ploc e fui fazer xixi, tinha vernix. Aí caiu a ficha que eu estava em TP (trabalho de parto)! Avisei para Tarsila e ela me ligou dizendo que estava vindo me ver. As contrações começaram a ficar mais fortes, liguei para Suzana que também falou que já ia sair de casa. 10 minutos depois liguei para Carol e meia-noite liguei para Dra marilena. Todas a caminho. Já tinha feito tudo o que lembrava a cada contração, rebolei, agachei, deitei sobre almofadas, até que resolvi ir para debaixo do chuveiro quente. Minha mãe acordou e começou a participar ativamente ajudando o tempo todo nos bastidores. Tarsila chegou, em mágicos 30 minutos, e eu senti que já poderia me entregar ao parto, pois teria uma voz para me guiar. No chuveiro mesmo ela já me fez massagem, depois arrumou travesseiros na cama para continuar as massagens lá. Saindo do chuveiro falei que estava com vontade de fazer cocô e ela perguntou se eu tinha certeza que era cocô e falou para eu me tocar. Toquei e senti a cabeça de minha filha. Já estava no expulsivo. As contrações só aumentavam, Tarsila fazia massagens e me dava orientações para respirar e vocalizar, foi isso o que me fez aguentar as dores das contrações. Suzana chegou. Ela quis fazer uma ausculta, mas não consegui ficar numa posição que permitisse. 00:40 Carol chegou, Dra. Marilena chegou. Falei que queria mudar de posição. Quis ir para o colo de Anderson na poltrona de amamentação, o lugar onde eu me imaginei parindo uma centena de vezes. Ali me entreguei! Chamei as contrações, chamei minha filha, senti o carinho de meu marido. Da Terra ouvia a voz da Dra. Marilena e seguia suas orientações. Às 00:56 do dia 21/1/2014 Mel nasceu! Aquariana, com 3,140kg e 50cm.

Foi um TP de duas horas. Até hoje não sei como as meninas da equipe conseguiram chegar a tempo. Volto a falar que vale a pena demais. Tinha muita vontade de passar por isso, me preparei bastante e na hora me joguei de corpo e alma.Minha gratidão eterna a Beta e a turma do yoga, ao Rodaviva, à equipe que me assistiu, às amigas índias Carol e Clesia, à minha mãe, ao meu marido e à minha filha Mel, que topou passar por esse parto comigo e nascer tão lindamente”.

Na foto, o cordão umbilical ainda ligado.  Só foi cortado, pelo Anderson, quando parou de pulsar.

Na foto, o cordão umbilical ainda ligado. Só foi cortado, pelo Anderson, quando parou de pulsar.

parto em casa

Primeira mamada.

 

parto em casa

Papai com a Mel.

parto em casa

Toda a equipe envolvida no parto domiciliar da Cibele e da Mel.

FIM

♥ ♥ ♥

Desejo muita saúde para essa família linda!

About the Author

Carol Bedê

Jornalista. Mãe da Laís e do Vinícius. Já quis ser muita coisa...depois de terminar a faculdade de letras, uma especialização e a faculdade de comunicação social (jornalismo), de uma coisa tive certeza: o que eu quero mesmo é escrever. Já escrevi sobre muitos assuntos. Tentei até fazer poesia, mas nunca achava que conseguia. Depois de ser mãe resolvi escrever sobre ser mãe, sobre bebês, sobre crianças e sobre esse mundo. E só agora acho que consigo fazer poesia.

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