Dimas Barreira, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) (Foto: Mateus Dantas-O POVO)

Fortaleza – O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira, esteve na Singularity University, em programa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). A Singularity, instituição de ensino sediada no centro de pesquisas da Nasa, no Vale do Silício (EUA), tem forte posicionamento na educação executiva inovadora. Dimas decidiu fazer algumas reflexões. Ele escreveu um artigo exclusivo para o Blog intitulo “A grande virada”. Às vésperas das eleições, bem oportuno. Leia a seguir.

A GRANDE VIRADA

Enquanto o brasileiro perde a esperança na política, emigra por pavor do futuro, vota contra o candidato “do outro” e não a favor do seu, deixa de perceber a tremenda mudança em curso.

Em vários aspectos, um brasileiro de classe média baixa já vive melhor que um nobre do início do século passado ou um rei do século 19! Remédios, vacinas, água encanada, eletricidade, eletrodomésticos, transporte, comunicação, conhecimento, internet. Estamos no prenúncio da era tecnológica.

Um smartphone barato é milhares de vezes mais rápido e tem milhões de vezes mais memória que o computador da Apolo 11, que levou o homem à lua há 49 anos.

Gordon Moore, fundador da Intel, percebeu um padrão na aceleração da evolução tecnológica e provou sua tese. Criou a Lei de Moore. De maneira simplista, em média os avanços dobrariam a cada 18 a 24 meses. Impressionante, mas este paradigma também já vem mudando, pois temos evoluído gradativamente mais rápido que isso. Quanto mais conhecimento temos, mais rápido dobra! Comparado às taxas do início deste século, avançaremos 100 anos nos primeiros 25 anos e 20 mil anos até o ano 2100!

O cérebro é dominado pela memória recente, por isso esquece o avanço e prevê um crescimento linear, soma ao invés de multiplicação. No curto prazo parece real, mas é muito diferente da realidade. Ao imaginarmos 30 passos, nos vemos 30 metros adiante. Exponencialmente, como ocorre com tecnologia e conhecimento, dá mais de um bilhão de metros, 26 voltas na terra! Equivocadamente, julgamos estar no ápice tecnológico, nos decepcionando com a atualidade e subestimando o que está por vir.

Esse processo evolutivo sempre existiu e conseguíamos acompanhar. Porém, à medida que mais e mais computadores atingem capacidade semelhante à mente humana, com vantagens como velocidade, precisão e intercâmbio de informações, aliado à convergência e sinergia com outras tecnologias também evoluindo aceleradamente, nos aproximamos de um momento em que esse avanço parecerá infinito, transformando profundamente todas as perspectivas da vida humana. Esse esperado momento é a Singularidade, e estamos próximos. Nossa relação com as máquinas já está se tornando uma “parceria” (pense em Apple Siri, Microsoft Cortana ou IBM Watson).

Os negócios estão sendo profundamente impactados, causando rupturas econômicas (se você consegue pensar em um negócio que ainda não foi “chacoalhado”, é questão de tempo) e preocupação com a substituição de postos de trabalho por máquinas. Alguém dirá que isso não é novidade. Mas a velocidade com que está acontecendo (ainda lento em relação ao futuro próximo) torna o processo incontrolável e, desta vez, o poder está nas mãos de muitos e não de poucos, pois as curvas mais aceleradas são justamente as que comparam o avanço a uma unidade monetária. Ou seja, se um computador atinge tal desempenho, em menos tempo este desempenho fica disponível a preços para computadores pessoais.

Smartphones são um belo exemplo de convergência tecnológica, dando à maioria das pessoas acesso a informações e serviços conectados baratos, funcionais e convenientes, sem necessidade de nenhum atravessador ou garantidor, nem mesmo governos.

Essa revolução acontece em todas as frentes. A maior ruptura que vejo é a libertação das pessoas, que passam a ter mais valor. Não há tempo para o conservadorismo conter a onda. Novos negócios terão uma relação de parceria mais forte entre empregados e empregadores e a história recente mostra que cada emprego suplantado dá lugar a muitas outras formas de trabalho. Muitas funções laborais já desapareceram, ainda assim surgiu trabalho para uma população que saltou de 2 para 7 bilhões em menos de um século. Regiões avançadas, a exemplo do maior expoente, Vale do Silício, California, têm taxas de desemprego baixas, renda per capita acima da média do próprio americano e notáveis avanços na renda das classes ascendentes.

Como aponta o livro “Abundância”, a tecnologia proporcionará meios para enfrentar a miséria e nivelar as oportunidades. Tratamento e distribuição de água, diagnósticos, prevenção e cura de doenças, energia, comunicação, etc, tudo caminhando para preços acessíveis, tendendo a zero e incluindo todos. Quanto a esgotamento de recursos, também a tecnologia começa a mostrar caminhos para atender à crescente população.

Em breve veremos a parceria entre máquinas e humanos evoluir para a fusão biológica e nos tornar capazes de encontrar soluções com cara de ficção científica. Os governos poderão ajudar ou atrapalhar, mas ninguém vai conter os avanços e os cidadãos ganharão o poder desta relação, tornando-se mais autônomos e menos dependentes, causando a ruptura suprema, a ruptura do ciclo nefasto de Maquiavel! Uma sociedade totalmente nova.

Apertem os cintos, vem aí a Singularidade!

 

About the Author

Jocélio Leal

Editor-chefe dos núcleos de Negócios e Economia do O POVO- POPVeículos/ POP Imóveis e Construção/Empregos& Carreiras/ Editoria de Economia/ Colunista de Economia e Política no O POVO/ editor-executivo do Anuário do Ceará desde 2001/ Apresenta flashes do Blog nas rádios O POVO-CBN e Nova Brasil FM/ Apresentador da TV O POVO (Canal Futura)

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