Cena do carnaval de 2019 na Praia de Iracema, em Fortaleza (Foto: Marília Camelo, Especial para O POVO)

Não é de hoje e isto explica este ponto a que chegamos: é de uma pobreza atroz o suposto debate político no País. De um lado uma horda de jovens pouco letrados (embora estudantes) e vasto contingente de senhores e senhoras funcionários ou aposentados a defender o partido derrotado nas últimas eleições.

Dão de ombros para provas e condenações. Em nome da causa, legitimam o que quer que venha a emergir do esgoto. Vivem em uma bolha. Nem podem ser chamados de infantis, porque sabem o que fazem. Despenderam energia para pular em um carnaval de fantasia e de bloco único, monocromático e uníssono.

As mesmas praças, os mesmos bancos e novos gritos para fazer o de sempre. Atacar para se defender. O que tem à mão é laranja, então as espremem para mudar o rumo da prosa. No grito, bradam entre si, para si apenas. Difícil crer no poder de persuasão dos impropérios sobre quem passa no ônibus bem ao lado. Assim como erraram na campanha, erram na oposição. Pudera. Foi outro dia.

Do outro, outro tanto de gente com limitações parecidas e sem muita munição para defender o eleito, que, aliás, nem partido direito tem. Olham sobre o ombro para o festival de sandices postadas ou proferidas ou para as demonstrações insistentes de inapetência do que chamam de mito. Em nome do antídoto escolhido, atravessam o lamaçal do começo de mandato.

Imberbes na prática de ocupar as ruas, levam mais a sério ainda Ronnie Von. Para eles, a praça é a mesma. E não estão indo à Portugal porque têm mais o que fazer – na campanha não marcavam nada no meio da semana – e também porque não viram razão para tanto ainda. Não faz 90 dias.

Ademais, em herança bendita do Governo Temer, a economia embora não tenha virado um ICE alemão, deixou de ser um trenzinho da Beira Mar empurrado pela maquinista. Caso descarrile, começará tudo de novo. As impropriedades do presidente, seja nas postagens seja no Palácio frequentado por filhos, envergonham e ainda prometem mais rubor, mas ainda assim serão toleradas pelo distinto público desde que a economia não constranja.

A pobreza do dito debate é tamanha que enfada o sujeito. Quando começam os gritos na massa, a vontade é de ouvir Lupicínio. Em pleno carnaval. “Esses moços/ pobres moços/Ah! Se soubessem o que eu sei…”.

Indiferentes à dita esquerda (mas zangadas porque se sentiram traídas e não esqueceram que eram subtraídas em tenebrosas transações), indiferentes à dita direita (que não veem motivo para rejeitar, por enquanto), o que as pessoas fora das bolhas querem nesta fase submersa é o básico. Só depois vão aumentar a régua. Houve um tempo que as comunidades lutavam por um orelhão. Hoje se briga por sinal melhor de celular. É assim que roda.

Nossa gente é quem bem diz: sonham com a segurança de andar na rua, de ir a um hospital público e resolverem, de ter escola pública funcionando bem. Para quem viveu ou leu, mal comparando, a esperança remete ao que o País sentiu há 25 anos, com o Plano Real. Viu-se um monstrengo aparentemente invencível ser capado por ação do presidente Itamar e grande elenco. Sim, instituições fortes e boas equipes econômicas deixam marcas.

Garantido o básico, as pessoas vão sonhar com o dia em que não terão de dedicar seu caríssimo tempo a temas como vontade política, justiça social, mobilização popular e outras mumunhas mais do gênero. Isto é muito velho. E ainda estamos nessa.

Leia a Coluna completa aqui

About the Author

Jocélio Leal

Editor-chefe dos núcleos de Negócios e Economia do O POVO- POPVeículos/ POP Imóveis e Construção/Empregos& Carreiras/ Editoria de Economia/ Colunista de Economia e Política no O POVO/ editor-executivo do Anuário do Ceará desde 2001/ Apresenta flashes do Blog nas rádios O POVO-CBN e Nova Brasil FM/ Apresentador da TV O POVO (Canal Futura)

View All Articles