A cada página, a revista do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição (Nele), da Universidade de São Paulo (USP), mostra mais sobre o processo de produção, confecção e edição de um dos bens mais preciosos da humanidade: o livro. Com a generosa quantia de 392 páginas, o exemplar reúne artigos e ensaios de pesquisadores, debates, fragmentos de poemas, traduções e memórias. A publicação chega ao quinto número com o mesmo espírito – “ultrapassar as fronteiras da bibliofilia para reencontrar o sentido mais puro do amor às letras e ao livre-pensamento”.

O interessante da publicação – simplesmente chamada de Livro – é encontrar tantas vertentes diferentes para o mesmo assunto. A revista é dividida em capítulos que agrupam textos de temáticas similares. Assim, há o “Leituras”, que reúne quatro textos sobre o campo gráfico e editorial. Destaque para o texto de Thiago Mio Salla sobre a atuação de Graciliano Ramos como revisor. Uma pesquisa generosa e certeira, feita para mostrar que o autor de Vidas Secas fez muito mais pela literatura nacional do que imaginamos.

A revista tem também espaço reservado para o estudo das tipografias. Podem ser lidas pesquisas sobre fontes caligráficas, desenho de letras em capas de livros e trabalhos de ilustradores. O destaque do dossiê fica para o texto Coffee Table Book, Sintoma de Seu Tempo – produzido por Chico Barbosa. Em poucas páginas, ele consegue explicar o fenômeno dos “livros de mesa” – apontando razões do sucesso, vantagens, desvantagens, origem do preconceito e papel social desse tipo de publicação.

Também participam da revista-livro: Jean Pierre Chauvin, Ubiratan Machado, Vivian Nany Aires, Lilia Zambon, Luís Pio Pedro, Gustavo Piqueira, Mônica Gama, entre outros. A coordenação da publicação é dos docentes Plínio Martins Filho e Sandra Reimão.
Livro encanta, acima de tudo, pela qualidade gráfica e editorial. As cores, as divisões de capítulos e os padrões tipográficos foram cuidadosamente pensados. Logo na capa vemos a simplicidade de uma revista com o rigor de um livro.

A edição encanta também pela quantidade de fac-símiles. São fotografias, capas de livros, detalhes de publicações antigas e escritos originais de alguns autores. Em evidência, uma imagem de Machado de Assis entre os 57 e os 58 anos de vida; o índice ilustrado de Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa; e uma prova de capa da primeira edição de Vidas Secas, quando Graciliano decidiu que o livro não mais se chamaria O mundo coberto de pennas.

Serviço
Livro – Revista do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição
5ª edição, 392 páginas
Ateliê Editorial
Preço: R$ 70

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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