Hermione Granger, Harry Potter e Ronald Wesley

Por Isabel Costa (isabelcosta@opovo.com.br)
Por Mariana Amorim (marianaamorim@opovo.com.br)

Uma coisa é certa: não existe dúvidas do papel do bruxo Harry Potter na formação de novos leitores. Em 1997, quando A Pedra Filosofal chegou às livrarias, não era esperado que a aventura do menino bruxo se tornasse um fenômeno mundial. A britânica J.K. Rowling teve sua obra negada por nada mais, nada menos, que dez editoras e passou por uma série de dificuldades até atingir a listas dos mais vendidos.

O fato é que os livros ganharam o mundo. Foram traduzidos para 64 línguas, vendendo mais de 450 milhões de cópias, e tornando Rowling a primeira pessoa a tornar-se bilionária escrevendo livros. O segredo de tal sucesso está, de acordo com as especialistas ouvidas pelo Leituras da Bel, na escrita criativa.

“É um marco da literatura inglesa. É uma série imensamente popular e que representa uma das primeiras leituras para toda uma geração de jovens. Nós que somos professores de inglês vemos que muitos alunos começaram a se interessar pelo idioma lendo Harry Potter. Tenho alunos de Letras na Universidade Federal do Ceará (UFC) que aprenderam inglês sozinhos, quando adolescentes e pré-adolescentes, a partir do fascínio que tinham (e têm ainda) pelos livros”, explica Lola Aronovich, doutora em Literatura em Língua Inglesa e docente da UFC.

Imagem da última cena de Relíquias da Morte

Os sete exemplares lançados por J.K. Rowling entre 1997 e 2007 quebraram o pensamento de que crianças e adolescentes não conseguiam se concentrar em livros muito volumosos. “A verdade é que ninguém resiste a um bom enredo, a personagens dinâmicos e a uma dose de magia. Muitos jovens redescobriram o prazer de ler através dessas histórias, e isso pode ou não desencadear a prática da leitura na vida adulta”, explica Sayuri Grigório Matsuoka, mestre em Literatura Comparada e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Cada narrativa proposta por J.K. progredia em número de páginas e complexidade de ações. Foi o modo que a escritora achou de continuar captando a atenção dos leitores, mesmo após a saída da infância e entrada na adolescência. A dinâmica se repete nos oito filmes produzidos. As cenas ficam mais tenebrosas, os personagens se tornam mais densos e as provações, mais sérias.

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Livros como Harry Potter, opina Sayuri, atendem às expectativas dos jovens que cresceram em um mundo dominado por telas. “Sua linguagem direta e sem grandes ornamentos também facilita uma aceitação que em parte caracteriza uma preferência do público pelo imagético. Talvez a continuidade da empolgação desses leitores possa se dar pela descoberta de que essa força da imagem também está presente em outros textos. Felizmente, a literatura, desde sempre, está repleta deles, resta ao leitor iniciante treinar o olhar para esse novo tipo de percepção”, diz.

Publicações e universo expandido
J.K. Rowling publicou sete livros sobre o bruxo: Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara Secreta, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e a Ordem da Fênix, Harry Potter e o Enigma do Príncipe e Harry Potter e as Relíquias da Morte – que originaram oito filmes. Há títulos lidos pelos alunos de Hogwarts que foram lançados: Animais Fantásticos e Onde Habitam, Quadribol Através Dos Séculos e Os Contos de Beedle, O Bardo. Além disso, existem dezenas de livros e produtos – criaturas, personagens, cenários, objetos – formando o universo expandido. “A franquia tem poder de renovação grande. É só atentarmos ao sucesso da atração Harry Potter no parque temático, em Orlando. É, sem dúvida, a atração que sozinha consegue rivalizar com parques temáticos da Disney”, lembra Luis Matos, diretor editorial da Universo dos Livros.

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Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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