Paula Pimenta, escritora

Paula Pimenta, escritora

Contos de fadas são lidos, adaptados, revistos, traduzidos, aumentados e encurtados há séculos. As narrativas, oriundas de diversas partes do mundo, formam um imaginário coletivo que encanta crianças e adultos. Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel e Bela Adormecida são apenas algumas das princesas que arrebataram corações.

Os tempos atuais, entretanto, pedem uma nova configuração destas personagens. Na era dos amores líquidos e das personalidades difusas, princesas, heróis, bruxas e vilões precisam ser reposicionados diante do público leitor. Para discutir este e outros temas referentes aos contos de fada, a Festa Literária de Aquiraz (Flaq) vai reunir os escritores Socorro Acioli, Paula Pimenta e Fábio Yabu.

Os três participam de mesa no próximo sábado, 12, às 17 horas, com o tema “Entre Princesas e Vilões”. A entrada é gratuita. Entre as discussões está a construção das personagens. Paula – autora brasileira de destaque entre o público infanto-juvenil – reconhece a necessidade de “certo cuidado” ao escrever para o público adolescente.

“As meninas das minhas histórias não são do tipo que ficam em casa esperando. Elas correm atrás dos desejos, são meninas da nossa época”, afirma.

Além dos volumes Fazendo meu filme e Minha vida fora de série, Paula trabalha com releitura de histórias clássicas. “Não é dar o bom exemplo e fim. Eu tento retratar o que é o cotidiano das pessoas. Hoje, ninguém fica sonhando com o príncipe encantado”, explica.

Paula escreveu releituras como Cinderela Pop e Princesa das Águas.
A opinião é compartilhada pela escritora cearense e colunista do O POVO, Socorro Acioli: “como os tempos em que nós vivemos tem mudado o lugar das coisas, as relações, os posicionamentos e as identidades, os contos de fadas, para conseguir um espaço sem cair no estereótipo, têm que acompanhar essa mudança”.

Socorro Acioli (Foto: Maria Clara Medeiros / Divulgação)

Socorro Acioli (Foto: Maria Clara Medeiros / Divulgação)

As transformações nas narrativas são um dos desafios ao ofício de escritor. “Temos que pensar até que ponto usar a personagem ‘chapeuzinho vermelho’ e modificar o que vai acontecer com ela. Até que ponto pode ir essa traição à narrativa original? E, princialmente, qual a razão disso? Para onde essa narrativa nova vai levar? É difícil pensar essa nova nova sem cair nos estereótipos, nas repetições e trazer algo que, de fato, valha a pena”, reflete.
Fábio Yabu, terceiro participante da mesa, tem 37 anos de idade e 20 de trabalho como escritor. Transitou pelos quadrinhos, pelas ilustrações e, nos últimos anos, se dedica a produção de histórias para o público juvenil. Uma das publicações do escritor é O Livro dos Vilões – que reuniu quatro autores para reescrever contos de fala em outra perspectiva.

Fábio é responsável por apresentar um novo Lobo Mau. Para a elucidação do personagem, além de todos os cuidados ao se escrever para o público juvenil, uma pesquisa que levantou dados sobre o Lobo nos últimos cinco séculos. “Ele era injustiçado. Fiz uma história humorada e dramática”, diz.

Serviço
Mesa Entre Princesas e Vilões, na Festa Literária de Aquiraz
Onde: Vila Azul do Mar, no Beach Park (Porto das Dunas – Aquiraz)
Quando: dia 12, às 17 horas
Outras informações: https://goo.gl/XMjZ67
Gratuito

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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