Paulo Vieira, autor

Paulo Vieira, autor

Eles estão presentes nas listas das obras mais vendidas do mercado continuamente. Os livros de autoajuda, nacionais ou traduzidos, colaboram não apenas para leitores organizarem a vida e resolverem problemas, mas “ajudam” também a aquecer o mercado editorial e têm lugar garantido nas casas brasileiras. Apoiadas em conceitos da psicologia e de outras áreas do conhecimento, as publicações enchem as prateleiras de livrarias e de lojas de departamento.

Há edições das mais diversas temáticas, – que versam sobre foco, determinação, disciplina, mercado de trabalho, relacionamentos. Para Adílson Ramachandra, do Grupo Editorial Pensamento, é importante manter filtros na hora de escolher uma obra para publicação. Com mais de 100 anos de existência, a editora conserva alguns títulos no mercado nacional há décadas. “Nosso carro chefe, Alegria e Triunfo, já vendeu 1,5 milhão de cópias”.

Para Adílson, entretanto, a autoajuda sofre preconceito entre leitores, pois, como outros gêneros, ao cair no gosto popular há pessoas que “escrevem apenas para ter lucro imediato e entrar nas listas de mais vendidos”. Existindo, assim, um desserviço para o público leitor – que acaba encontrando nas prateleiras títulos pouco confiáveis e não pautados na fibra moral exigida.

“São livros que oferecem soluções práticas e de certa forma dão esperança de que todos somos capazes de levar uma vida melhor. Isso sem dúvida tem grande apelo, principalmente na contemporaneidade, em que o excesso de tarefas no trabalho e em casa, os desafios da tecnologia e a falta de tempo, por exemplo, podem deixar as pessoas com uma sensação de falta de rumo”, aponta a editora da Intrínseca, Cristhiane Ruiz. A editora não mantém títulos no catálogo, mas acredita que os livros podem auxiliar em atividades práticas da vida e também na construção de uma perspectiva mais positiva do futuro.

Conseguir vislumbrar novas possibilidades para a própria existência, talvez, seja a razão que leva tantas pessoas a adquirir os exemplares. Segundo Adílson, há uma sazonalidade nas vendas acompanhada de momentos extremos na política e na economia. “Agora, o mercado está aquecido, pois há a chamada crise, medo do futuro e ansiedade, além do receio pela violência urbana e pela violência mundial. Em momentos difíceis da história – como na década de 1930 e na década de 1980, o imaginário coletivo é atingido”, explica. Os picos fazem livros de autoajuda dispararem nas listas dos mais vendidos.

Rosely Boschini, sócia-diretora da Editora Gente, lembra que o desemprego dos tempos de crise influencia em dois pontos: as pessoas têm mais tempo para ler e precisam de uma forma econômica de aprendizagem. “É um recurso barato. Se o indivíduo precisa se preparar para uma entrevista de emprego, por exemplo, pode recorrer ao livro”, aponta.

Desenvolvimento humano
A popularização dos livros de autoajuda – e a consequente entrada de autores e editoras pouco comprometidas com as reais motivações e o real valor do gênero – fez com que novas ramificações surgissem. Recentemente algumas listas de livros mais vendidos passaram a adotar a nomenclatura “Desenvolvimento Humano” para designar as publicações que até podem oferecer algum tipo de motivação e ajuda, mas que têm perfil mais técnico, pesquisas sérias e embasamento teórico respaldado na ciência.

É nesse bojo que o cearense Paulo Vieira coloca o próprio trabalho. Ele é autor de O Poder da Ação, que já vendeu mais de 120 mil cópias, e de Fator de Enriquecimento – lançado recentemente, já chegou a marca dos 15 mil vendidos.

Paulo Vieira

Paulo Vieira

Pós-doutor em coaching pela Florida Christian University (EUA), ele explica que os autores e palestrantes tipicamente motivacionais perderam espaço no mercado. Ficou, ele pontua, quem possui pesquisa e base teórica sólida. “Dentro desse campo há os livros inspiradores e motivadores, mas há também o desenvolvimento humano – que possui aspectos técnicos. Hoje, com a crise, as perdas de emprego e a escassez de recursos para treinamento, os livros se tornaram uma solução para o grande público, que precisa estudar e ser treinado”, aponta.

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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