Por Mariana Amorim (do blog Memórias de Gaveta)

Uma trama policial crua, direta e até certo ponto macabra. É assim que podemos definir Bom dia, Veônica, lançamento da Darkside. A obra – um suspense que aborda temas como psicopatia, violência contra mulheres, necrofilia, rituais indígenas e suicídio – tem fortes referencias a True Detective e Hannibal e apresenta uma nova autora brasileira para o gênero, Andrea Killmore.

O livro conta a história da policial Verônica Torres. A aura de mistério já começa pela autora. Não há foto na contra capa, nem muitas informações ao seu respeito. Andrea é um pseudônimo. Segundo a editora, Andrea é uma ex-policial militar que sabe demais e sofreu uma grande perda após participar de uma operação como infiltrada. Agora, ela vive sob proteção do Estado. Todo o contato de Andrea com a Darkside foi feito por meio de um advogado, através de um contrato altamente sigiloso. O fato de o leitor saber tão pouco sobre a autora dá margem para a imaginação. Até onde a história de Verônica é a de Andrea?

A narrativa se passa na grande São Paulo. Verônica é uma escrivã da polícia civil que está encostada no cargo de secretária do delegado do DHPP de São Paulo (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). A protagonista leva uma vida comum e cheia de frustrações pessoais. Porém, o que seria mais um dia normal de trabalho na delegacia, acaba com uma mulher, Marta Campos, desesperada se jogando da janela do 11º andar. Antes de pular, Marta faz uma declaração que deixa Verônica intrigada. Quando o delegado responsável pelo caso pede o arquivamento da investigação sem dar nenhum valor à morte da mulher, Verônica decide fazer justiça por Marta e dá início a uma investigação particular.

Do outro lado da cidade, Janete – uma simples dona de casa – assisti um noticiário local sobre o caso de Marta e percebe que Verônica pode ajuda-la. Até então, Janete não esperava que ninguém fosse acreditar na sua história ou iria entender seu lado. Afinal, suas queixas tinham como protagonista um homem da lei, um policial que era o seu marido. Cercada por medos e dúvidas, Janete liga para Verônica e fala rapidamente sobre uma séria de assassinato de mulheres e que ela mesma corre risco de vida.

A autora consegue conduzir essas duas tramas paralelamente de maneira espetacular. A alternância entre as histórias é feita através da narrativa. Verônica conta sua aventura em primeira pessoa. Já Janete, narra tudo em terceira pessoa. Bom dia, Verônica mexe com diversos tabus. Na obra é possível acompanha rituais macabros de antigas tribos indígenas, as ações de um necrófilo e um caso de abuso psicológico. As personagens são bem construídas e a autora consegue prender o leitor do inicio ao fim.

Além disso, Bom dia, Verônica tem uma edição lindíssima. A capa dura traz um belo desenho de capa. Dentro do livro, ilustrações atiçam a imaginação dos leitores. No livro, há páginas tipo jornal, que dão ainda mais sentido ao desfecho. O final da trama é surpreendente e totalmente inesperado. Em resumo, a obra é intensa e aborda de uma maneira muito peculiar assuntos importantes, mas pouco comentados. Os tabus se tornam mais reais do que nunca.

Serviço
Bom dia, Verônica
Andrea Killmore
Editora Darkside
256 páginas
R$ 32,40

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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