Por Renato Abê (renatoabe@opovo.com.br)
Começou com os poetas românticos. Mexendo na estante da casa da avó aos 12 anos, ela encontrou palavras de Castro Alves e Gonçalves Dias. Com a ajuda do dicionário para descortinar versos complicados, Tetê Macambira, iniciou sua escrita tentando imitar o estilos daqueles poetas.
Aos 15 anos, porém, um outro jeito de fazer poesia tocou aquela menina-autora. “Vendo minha mãe sofrer no trabalho, eu fiz uma poesia chamada Canção Suada. Não eram versos rimados, era um tema cotidiano e aquilo determinou meu estilo de escrever a partir de então”, puxa pela memória.
Depois disso, Tetê estudou Letras, fez teatro ao lado do Grupo Bricoleiros e descobriu ser a poesia seu jeito de se comunicar no mundo. “A poesia é um sopro que quer atingir o coração do outro. É como um ‘touché’ da esgrima que atinge o coração. É a busca daquela palavra, daquela frase que toca quem lê”, afirma.
Para a escritora, desvendar um poema é como jogar xadrez, pois há caminhos lógicos e outro nem tanto. “O poema permite vários caminhos e múltiplas possibilidades de interpretação. Para o leitor que está acostumado a tudo mastigadinho, há um incômodo, mas é isso que a poesia quer: deixar pergunta para os leitores”.