Renato Abê, jornalista e dramaturgo. (Foto: Aurélio Alves)

O dramaturgo e jornalista Renato Abê participa, na próxima segunda-feira, 17, do Projeto Bazar das Letras dentro da XII Bienal Internacional do Livro do Ceará. Em diálogo com mediação de Isabel Costa, titular do Leituras da Bel, o autor vai conversar sobre a peça teatral Castanha, obra ganhadora do prêmio Jovens Dramaturgos do Sesc 2016. O bate-papo começa às 17 horas e vai ocorrer no Espaço Sesc, na Sala 8 – mezanino 1. A entrada é gratuita. A publicação poderá ser adquirida por R$ 10.

A obra foi publicada no ano passado dentro de um box comemorativo do prêmio nacional e teve lançamento durante o Festival Iberoamericano P.E.R.I.F.E.R.I.C.O., no Rio de Janeiro em outubro último. Castanha se inspira na obra de Platão para recriar um universo fantástico. A narrativa acompanha o personagem Zero, que acorda sem memória dentro de uma caverna e descobre, em contato com os personagens Demiurgo e Parteira, que sua vida ainda não começou.

A dramaturgia foi montada como peça de teatro dentro da Pós-graduação em Direção Teatral da Casa das Artes das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Enquanto espetáculo, Castanha se apresentou em festivais na capital carioca e no Interior.

Espetáculo Castanha. (Foto: divulgação)

Confira texto de abertura da obra, que foi escrito por Diego Molina, roteirista da Rede Globo e mestre em Artes Cênicas pela UNIRIO.

Texto de apresentação da obra (Por Diego Molina)
O tempo é uma ilusão; e a vida, um recorte do tempo. Renato Abê, em seu texto “Castanha”, nos mostra que presente, passado e futuro não existem. Ou são a mesma coisa. São espaços que podem ser visitados quando estamos munidos de um “estado de consciência”, ou experimentados intensamente quando estamos sem ele.

A vida como conhecemos seria um enorme compartimento, em que momentaneamente se perde a memória e onde disponibilizamos nosso corpo e mente à prova do acaso. Um acaso predestinado.

Mas como não temos memória, não sabemos qual é o nosso destino. Nos resta a sensação do livre-arbítrio, que nos dá força para sonharmos. Até que nos faltem as castanhas que contam nosso tempo dentro desse compartimento. Então, voltamos ao real, ao “estado de consciência”. Mas as respostas ainda não estão disponíveis. Porque esse outro tempo-espaço, a consciência, também é ilusório. Ele nos dá a sensação de que estamos evoluindo. Mas não. A consciência, transfigurada de uma aparência mística, soberba, sisuda, é, na verdade, um grande deboche. Uma situação de distanciamento que talvez nem Brecht tenha pensado. Tragédia e comédia convivendo através da harmonia do conflito.

Mas não se trata de uma ideia pessimista de mundo. A vida, mesmo ilusória, também é tão poderosa quanto a realidade. E é isso que o autor nos quer passar através de um texto extremamente imagético, reflexivo e potente: independente de onde e quando estivermos, o importante é experienciar as pequenas coisas, a cada instante. Nesse sentido, não há nada mais sublime e prazeroso do que ler um bom texto.

As castanhas estão na mesa. Talvez estejam envoltas numa dura casca. Talvez você não tenha como abri-las. Mas elas estão disponíveis. Agora. Então, sirva-se. Do jeito que der. Onde quer você esteja.

Serviço
Bazar das Letras – Bienal do Livro
Onde: MEZANINO 1 – ESPAÇO SESC (Centro de Eventos do Ceará)
O quê: Renato Abê apresenta Castanha
Mediação: Isabel Costa
Quando: segunda-feira, 17, às 17 horas
Entrada gratuita
Veja a programação completa: bienaldolivro.cultura.ce.gov.br/

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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