Bienal Internacional do Livro do Ceará, no Centro de Eventos (Foto: Tatiana Fortes/O POVO)

Por Renato Abê (renatoabe@opovo.com.br)

Mesmo em meio à semana com ataques de facções criminosas na Capital, evento literário encerrou programação com alta de público. Em dez dias, a Bienal reuniu 450 mil pessoas e movimentou cerca de R$ 5 milhões


Para Fabiano dos Santos Piúba, titular da Secretaria da Cultura do Estado, a XII Bienal Internacional do Livro do Ceará chega ao fim com muito a se comemorar. “O evento aconteceu entre dois feriadões e no meio dele teve um problema na Cidade de violência, com ônibus queimados, isso impactou, mas contra um tempo de violência, a Bienal ofereceu os tempos da leitura, da arte e da cultura”, celebra o secretário. Apesar da instabilidade causada por ataques de facções criminosas na Capital, o evento registrou a passagem de 450 mil pessoas pelo Centro de Eventos do Ceará e a feira literária movimentou cerca de R$ 5 milhões.

Proprietária da Livraria Lamarca, que abriu no Benfica há apenas oito meses, Tamy Barbosa comemorou as boas vendas em sua estreia na Bienal. “Foi uma loucura nossa vir para cá, porque ainda estamos começando, mas conseguimos bater as metas que a gente tinha estabelecido para o evento, principalmente por conta do feriado do dia 21 (de abril)”, conta. O evento gerou 3.100 empregos diretos e indiretos, com 350 editoras presentes, distribuídas em 110 estandes, trazendo à Bienal cerca de 60 mil títulos.

Movimentação no Centro de Eventos do Ceará. (Foto: Tatiana Fortes/O POVO)

O servidor público Rholden Botelho, 40, só conseguiu ir ao evento no último dia. “Foi uma semana corrida, teve muito problema na Cidade, mas eu não poderia deixar de comparecer”, conta. O lado bom de deixar para última hora é que Rholden pegou boas promoções. A maioria dos estandes ofereceu descontos entre 20% e 30% no último dia. “Aqui está uma verdadeira festa, com muita diversidade de publicações”, aproveitou.

Já o leiloeiro Franck Zaovi, 52, elogiou o evento, mas reclamou da falta de diversidade de títulos. “Tem bem menos opções nesse ano do que na Bienal passada. Para a próxima vez precisa ter mais estandes para ter mais escolha de livro”, sugeriu. Francês naturalizado brasileiro, Franck diz ter sentindo falta principalmente de obras que tratassem da história do Brasil e do mundo.

“A Bienal ainda tem um ponto que precisa qualificar que é o dos expositores. Diferente de outros eventos do País, como a Bienal do Rio e de São Paulo, aqui não são as editoras que montam seu estandes, são os livreiros ou distribuidores”, reconhece Fabiano dos Santos. Para o gestor é preciso que, para a próxima edição, o Sindicato Nacional de Editores de Livro e a Câmara Brasileira de livro consigam estabelecer ainda mais vínculos entre as editoras e a feira.

Estande do Templo da Poesia (Foto: Tatiana Fortes/O POVO)

Apesar da “avaliação negativa”, Fabiano contrapõe que o “pertencimento” demostrado pelo cearense e a Bienal deve refletir em edições cada vez mais robustas futuramente. “Conseguimos oferecer uma programação atraente, com a presença dos autores. Temos duas impressões fortes: a bienal foi da diversidade e da cidadania”, aponta.
Para além dos números, o poeta Carlos Amaro conseguiu dimensionar o sucesso da Bienal em afeto. Durante os dez dias de evento, ele ofereceu poemas em troca de abraços no estande do Templo da Poesia. “Foi fantástico. Uma criança disse que queria me levar pra casa pra não faltar abraço lá. É isso que vale”, comemorou.

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Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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