Por Sara Síntique*
A cearense Sara Síntique escreve poemas quinzenalmente para o Leituras da Bel. Poeta, atriz, performer, mediadora de leituras e educadora, Sara mora em Fortaleza e publicou seu primeiro livro em 2015, pela Editora Substânsia. Leia poesia! Leia o poema!
há sempre há
um entulho
de lixo no meio
do caminho (e
no início) e perto
dele (e no
final)
uma mulher
amamentando perto
bem perto como
se fosse cama perto
bem perto como
se fosse
e muitos
pés fazendo o
desvio poupando
o atraso
o atraso.
(o mundo sempre foi assim: não cabe nos ombros)
há
sempre há um
entulho
um entulho
como cama
e uma mulher
perto bem perto
dele
amamenta
(não
sei se lembra se
sabe canções de
ninar e se lembrasse
e se soubesse e se)
e este chinito que
a devora desespero
em desespero e este
chinito que a ama desespero
em desespero
e muitos pés e muitos pés e muitos e pés muitos
pés muitos pés e muitos pés muitos pés muitos
muitos pés muitos pés muitos pés muitos pés
e muitos pés muitos pés muitos pés muitos pés
pés muitos pés muitos pés muitos pés muitos
muitos pés muitos pés e muitos muitos pés
pés muitos pés e muitos pés muitos pés muitos
pés muitos pés muitos pés muitos pés muitos pés
muitos pés muitos pés muitos pés muitos pés muitos
e muitos pés muitos pés muitos pés muitos pés muitos
pés muitos pés muitos pés muitos pés muitos pés
muitos pés muitos pés muitos pés muitos pés muitos
e muitos.
e este chinito.
e esta mulher.
e nenhum atraso.