Por Bruno Paulino*

Foto: Paróquia de Santo Antônio de Quixeramobim

Fim de maio e o parque já chegou em Quixeramobim anunciando as festividades do padroeiro Antônio, o Santo de Lisboa, Pádua e do mundo inteiro.

É bonito o papocar dos fogos no dia 13 de junho fechando a festa. É bonita a procissão e a fé do povo na rua – toda madrugada em peregrinação pelos bairros na trezena religiosa; e é tradição tomar uma cerveja com os amigos no barracão e ir ver a turma endinheirada arrematando as coisas no leilão.

É tempo de ser feliz, encontrar as pessoas – sobretudo os conterrâneos exilados que retornam a terra mãe – e curtir a cidade que fica linda e enfeitada como as moças que esperam o milagre do Santo para casar. Mas confesso que esse ano tenho tentado me alegrar com o entusiasmo que nesse período ganha o centro da cidade e altera a rotina das pessoas, mas, no entanto, só consigo enxergar – até agora – tudo em preto e branco, talvez eu seja simplesmente alguém cinza no meio de tanta coisa colorida.

Como disse, tenho me esforçado e tentado reencontrar a euforia do menino que juntava moedas para comprar bonecos dos power rangers nas bancas de camelôs ou que ia para as missas arrastado pela mãe e não via a hora que ela terminasse para poder ir brincar nos carrinhos de bate-bate e atirar nas barraquinhas de tiro ao alvo. Infelizmente aquele menino não habita mais em mim e aquela Quixeramobim também não habita mais em si.

Então, ficamos assim: eu e a cidade andando caminhos contrários, esbarrando um no outro, irreconhecíveis, esperando que Santo Antônio nos una e abrace outra vez. Viva Santo Antônio!

 

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Bruno Paulino é cronista e aprendiz de passarinho

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Colaboradores LDB

Colaboradores do Blog Leituras da Bel. Grupo formado por professores, escritores, poetas e estudiosos da literatura.

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