Por Vitória Régia*

“Dance, dance…senão estamos perdidos”
Pina Bausch

Foto de Vitória Régia

Na cegueira de um sonho constante
Os estrondos de galopes despertaram
Aquarelas insones e os corais da terra
Sem mendigar o orgulho da dor
Com tambores embalando
As memórias mais profundas
Latejando sobre acácias
Uma esperança na pele
Ou o abismo nos olhos de um estranho

Que este chão nunca me firme
No embaraço da carne
Pois guardei nos trovões ao ser parida
Entre os ossos de uma história
Silenciada em inscrições cobertas de pó
As coisas inventadas
Provando o mundo no torpor
Fitando imperfeições
E as fraturas de uma coluna partida
Estive só ao caminhar
Antes mesmo de romper
O céu de escuridões
Quando as carcaças do tempo
Se entrelaçam na minha voz
Sobrevivendo ao som dos passos
No limiar da manhã imóvel
O Sopro do movimento
De uma ideia de sangue
Evidência do verso
Para um corpo tão breve.

***

Vitória Régia
é escritora, tradutora e autora de Náutico (Editora Patuá)

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Colaboradores do Blog Leituras da Bel. Grupo formado por professores, escritores, poetas e estudiosos da literatura.

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